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  • Foto do escritorAlex Fraga

Show – Chorus Opus Trio se apresenta com maestro Sarrafo nesta quarta-feira

Nesta quarta-feira (26), a partir das 20 horas, o campo-grandense aprecia a boa música poderá assistir o grupo “Chorus Opus Trio”, formado pelos músicos Eduardo Martinelli (violões), Ivan Cruz (Bandolim) e Philip Andara (flauta) no Sesc Morada dos Baís onde apresentarão o show “ 100 anos de Sarrafo” com nada menos a participação do músico Amintas José da Costa, mais conhecido como maestro Sarrafo e que completou em janeiro, 100 anos e continua tocando seu saxofone com muito profissionalismo. Uma oportunidade única para todos os sul-mato-grossenses conhecerem as obras desse grande artista brasileiro que já tocou com grandes nomes da música brasileira como Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Radamés Gnattali, Guerra-Peixe, Edmundo Villani-Côrtes, Ari Barroso, Ângela Maria, Simonal e Elis Regina.


A vida de Amintas começou a tomar forma quando em 1937 entrou para a Força Pública do Estado de Sergipe e começou a tocar na corporação, onde testemunhou fatos históricos como a captura do cangaceiro Lampião. Com o desejo de prosseguir na música, Costa decidiu mudar-se para o Rio de Janeiro, lugar que sempre sonhou conhecer. Segundo ele, naquela época, o sonho de todo jovem era conhecer a capital do país. No Rio de Janeiro, entrou para o serviço militar, tornou-se 2º sargento músico da Força Pública e aperfeiçoou seu talento sendo aluno ouvinte na Escola Nacional de Música do Estado. Por não ter o primário completo, o maestro conta que assistia às aulas como ouvinte e aprendeu as mesmas técnicas que os outros, além de um novo instrumento, o clarinete.


Nos palcos, na vida e na música, Maestro Sarrafo sempre carregou consigo o saxofone. Não foi diferente quando soube da convocação para a Segunda Guerra Mundial, em 1943, quando embarcou em um navio superlotado que ia do Rio de Janeiro a Recife, onde aconteciam os treinamentos. A viagem durou oito dias em alto mar e a chegada de Costa com o saxofone despertou um capitão que o fez provar que sabia tocar o instrumento. “Ele me entregou um livro com músicas militares e perguntou se eu sabia ler as partituras. Ao afirmar fui colocado à prova, mostrei tocando e me confiaram a missão de ensinar música aos soldados, pois era o único que sabia”.


O trabalho que estava realizando no batalhão distanciou as possibilidades do maestro ser chamado para ir ao campo de batalha, o que definiu seu destino. “Naquele momento vi que a música salvou a minha vida. A maioria dos que foram não voltaram, mas eu fiquei, graças ao saxofone, meu companheiro de todas as horas”, comemora. A carreira como militar encerrou no fim da guerra, mas sua trajetória como músico estava só começando. Amintas voltou para o Rio de Janeiro e dedicou-se aos palcos.


As andanças e experiências do saxofonista deram a ele a origem de seu apelido. Nos bailes as pessoas diziam para ele “toca o sarrafo” e o nome acabou virando minha marca ao longo da carreira. Além de maestro e saxofonista, Sarrafo é compositor. Em 1968 gravou seus primeiros choros, obras que ficaram perdidas em um estúdio fechado pela ditadura militar, que recentemente foram resgatadas pelo grupo campo-grandense, Choro Opus Trio, composto por três músicos que se empenharam em um trabalho de pesquisa e interpretação das partituras originais para as gravações através do Programa Petrobrás Cultural/Ministério da Cultura do Brasil. O resultado foi a conquista do primeiro CD do trio nomeado “Descendo Sarrafo”.



Costa não só acompanhou a transição do preto e branco ao colorido como participou de diversos programas de televisão e rádio. Esteve na orquestra do Silvio Santos, no programa do Chacrinha e foi maestro da TV Tupi. Ele conta que sua profissão o proporcionou grandes momentos e amizades. Foi amigo de Luiz Gonzaga e acompanhou Jair Rodrigues nos bailes e também na sua estreia com cantor. A música o levou a muitos lugares e deu muitas oportunidades. Viu surgir muitos cantores que seguiram conselhos dele.

Quando indagado sobre os aprendizados em 100 anos de vida, o maestro afirma que é impossível dizer somente uma experiência. A música abriu seus caminhos, mas sempre guardou com ele os ensinamentos do seu pai e honrou a sua família. Aprendeu a se defender, soube desviar de falsos aplausos e o mais importante, sempre respeitou as pessoas. O maestro chegou a Itanhaém em 1980, comprou um terreno na Cidade e trabalhou como docente na Casa da Música. Sua residência também foi uma escola dedicada à música, hoje, Sarrafo coleciona memórias e a alegria de ter sido inspiração para tantos jovens.

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