Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de reflexão com Sylvio D Prospero, de Curitiba (PR), com "Tonhão Boca de Porco - O Sofá".
TONHÃO BOCA DE PORCO - O SOFÁ AZUL
O dia amanheceu bonito, com o sol à brilhar, e resolvi dar uma passadinha no Antro Etílico, boteco que costumo frequentar, e lá estava o meu amigo de bar Tonhão Boca de Porco, que foi logo me gritando:
- Bão dia seu Silvo... Já veio moiá as palavras???
- Bom dia Tonhão, desce uma Liza pra mim aê Saidera, e uma pro Tonhão!!!!
O Saidera, o dono do boteco serviu as Lizas, eu me sentei no banquinho cativo e o Tonhão sentou-se no degrau ao meu lado, e com cara de espanto foi me falando:
- Seu Silvo, sabi aquele pintô de paredi, ú Lambidu, tudo metido, qui mora nu barracu du lado du meu, intão, onti eli chegô nu barraco, i ú pau comeu seu Silvo... Eli pegô a muié dele cú Talaricu, lá da borracharia, deitadus nu sofá novu, di viludo azur qui ele comprô na prestação!!!
- Caramba Tonhão, a briga deve ter sido feia??!! Falei virando a Liza goela abaixo.
Tonhão virou a sua Liza goela abaixo, limpou os beiços com as costas da mão calejada, me olhou com o canto do olho e baixinho me respondeu:
- Seu Silvo, ú Lambidu, colocô ú Talarico sentadu numa cadera, cá muié dele junto, pinxô ú sofá azur novinho nu quintá, furô eli tudinho na faca e saiu gritano - quero vê úceis fazê bestera nu meu sofá, si quizé fazê bestera, faiz na cadeira, prus seis vê ú quí é bão!!!
Pedí mais duas Lizas pro Saidera, uma para mim outra pro Tonhão, que fomos virando lentamente goela abaixo e pensativos.
Tonhão se levantou du degrau, me olhou com cara de desconfiado, e dando um tapinha carinhosos com a mão calejada no meu ombro, me falou baixinho:
- É seu Silvo, pur issu qui eu num compro sofá, sinão, numa dessa eu jogava a muié fora!!!
Me acenou e desceu a rua assoviando o Hino Nacional, e com a certeza de que a Dita, sua mulher, era muito fiel, e nunca gostou de sofá, ainda mais azul!!!
(Véio D'Prospero)