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Reflexão - Diário de uma Idosa 294, por Joana Prado Medeiros

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • há 18 horas
  • 1 min de leitura
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Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a escritora, poeta, professora universitária e historiadora, Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 294.


A FRÁGIL HORA DO ALMOÇO...


Tenho sentido vontade de chorar sem saber por que e, ao mesmo tempo, sabendo todos os porquês...Também tenho sentido vontade de rir e sei que é sobre as mazelas miúdas, das raivas pequenas do cotidiano, das tolhas molhadas na cama, do almoço atrasado e apressado, da carne mal passada...Do cardápio minguado. Das pequenas e brutais palavras do dia a dia... Daquelas que revelam do que o coração está cheio...Tenho um misto de compaixão e misericórdia para com o desamor...E, ao mesmo tempo, uma dor imensa de saber que os pequenos encontros na sagrada hora de alimentar o corpo sejam marcados por mesquinharias...Como se soubéssemos a hora do último encontro, do último café, do último almoço, do último sorvete. Choro - sorrindo e uso com maestria a mortalha a pele humana...Todos sabem, a fala do antigo sábio: "nada do que é humano me é estranho"...Mas quem sabe, tô "humanocoisa", minhas asas estão apontando, sinto dores nos ombros. Ou quem sabe eu tenho os pés em formato de garfo, porque eu acho tão estranho, tão triste, essa falta de gentileza, de abraços, esse engolir correndo e voltar para o trabalho...Ah! O trabalho, o meu trabalho anda tão enrolado que cabe inteiro em meu coração de tigela, que é de louça e pode quebrar.


(Joana Prado Medeiros - 02/12/25 - Direitos Autorais Lei 9.610/98)—  a sentir-se chateada.

 
 
 

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