Projeto - Café com a Vizinhança e mulheres na história da ferrovia de MS
- Alex Fraga

- há 10 horas
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***Aline Lira e Lucas Arruda*** - - - - -
No domingo (7), a Casa Amarela convida duas mulheres que vivem na vila de casas do Complexo Ferroviária, tombada pelo Iphan, para compartilhar memórias que trazem a história de MS em torno dos trilhos do trem.
A Casa Amarela realiza, no domingo (7), às 8h40, o terceiro encontro do projeto “Café com a Vizinhança: Histórias do Tombamento – uma criação coletiva”, que desta vez recebe Maria Araci e Elizabeth Firmino, mãe e filha e, respectivamente, esposa e filha do ex-ferroviário Nelson Firmino, já falecido. A iniciativa integra a programação especial de fim de ano da Casa Amarela, dedicada a celebrar a memória, a arte e o convívio por meio de relatos que preservam a identidade ferroviária de Campo Grande e, também, de Mato Grosso do Sul.
Casada há décadas com Nelson Firmino, Maria Araci vê com entusiasmo a iniciativa da Casa Amarela. “A vida da minha família foi praticamente toda formada em torno dos trilhos. Eu e Nelson namoramos e casamos, e ele se tornou ferroviário depois de ser dispensado do Exército. Somos de São Paulo, e por volta da década de 1960 viemos para Mato Grosso do Sul. Moramos em Ribas do Rio Pardo, Aquidauana, até chegarmos em Campo Grande”.
Hoje, ela mora em uma das casas do complexo ferroviário e guarda lembranças vivas da época em que o trem era o motor da cidade. “Quando o trem saiu de Campo Grande, meu marido já estava aposentado, mas tudo o que construímos veio com a ferrovia. Falar dessas histórias é trazer memórias — não só da nossa família, mas de como era o Mato Grosso do Sul até chegar aqui”.
No encontro, Maria dividirá a conversa com a filha, Elizabeth Firmino, que também compartilhará lembranças de uma infância moldada pela vida ferroviária. “Crescer perto dos trilhos foi como aprender a ouvir o mundo passando”, diz Elizabeth.
Idealizadora do projeto, a arteterapeuta Tatiana De Conto, que coordena a Casa Amarela ao lado do artista Guido Drummond, destaca a importância deste encontro.
“Este é o terceiro encontro que traz como centro das atenções a história do complexo ferroviário NOB – Noroeste do Brasil. Nas outras duas rodas de conversa, contamos com Maria Madalena Mereb e Nelson de Araújo — ela reconhecida por sua dedicação em preservar a história da ferrovia, e ele, maquinista que conheceu a engrenagem por dentro”.
Tatiana também reforça a relevância de Maria Araci no processo de organização comunitária pela preservação do patrimônio ferroviário. “Maria Araci é considerada por muitos a matriarca da ferrovia. É uma mulher que sabe tudo, infinitamente boa, generosa, carismática. Quando o processo de privatização começou, os homens estavam no trecho. Então, foram as mulheres que iniciaram a articulação política pelo tombamento, cuidando dos leilões, de toda aquela luta. Pessoas como Araci e Nelson — e tantas outras que precisaremos entrevistar em casa, porque já estão muito idosas — foram fundamentais. Ela é uma referência viva que pode contar essa história”.

O artista Guido Drummond, fundador da Casa Amarela, reforça o impacto desse movimento de preservação. “Esses relatos fortalecem o sentimento de pertencimento e mantêm viva a história do Complexo Ferroviário. É um patrimônio afetivo da cidade, que continua existindo porque seguimos contando suas histórias”. Todos os relatos registrados nas rodas de conversa serão disponibilizados nas redes sociais da Casa Amarela e integrarão o acervo do Museu de Arte Urbana (MuAU), que transforma memórias locais em arte muralista e narrativa.
O projeto é realizado com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do MinC – Ministério da Cultura e do Governo Federal, via edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), da Setesc e do Governo do Estado. Acompanhe os trabalhos pelo Instagram @casa.amarela.muau
Além do “Café com a Vizinhança” a Casa Amarela está com uma agenda de atividades que celebram o Natal e seguem até o dia 21 de dezembro. Confira a programação:
Bazar de Natal – quarta a sábado, das 14h às 21h (19/11 a 21/12)
Espaço Café – sabores regionais e cerveja artesanal (quarta a sábado)
Oficina Arteterapêutica de Natal – quintas, das 18h às 20h
Sábados de Contos de Natal – das 18h às 20h
Roda de conversa “Lídia Baís – uma mulher à frente de seu tempo” – 12 de dezembro
*** São jornalistas
Serviço:
Café com a Vizinhança – Histórias do Tombamento
Local: Casa Amarela – Rua dos Ferroviários, 118, Campo Grande-MS
Data: Domingo (5)
Horário: às 8h40
Entrada gratuita | Classificação livre
Instagram: @casa.amarela.muau
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