Sexta-feira no espaço de poesia no Blog do Alex Fraga. Carlos Magno Amarilha de Dourados (MS), historiador, pesquisador e poeta, doutor em Educação, mestre em História e presidente do Grupo Literário Arandu. Seu poema: "Rosto de Rua";

rosto da rua
na rua de casa
para tudo que é bicho
por lá
gatos cachorros pardais
(urbanizados)
e os animais sociais
passa menina moça sorridente
criança de bicicleta a milhão
mamãe com bebê no berço a trilhão
o guarda / o entregador
um homem perdido
procurando número errado
a placa abona o sinal
siga em frente
mão única preferencial
“olha o zoião! baratinho só vendo”
o carro de alto falante ligado
uma rua como outra qualquer
a não ser o poeta que repara
quem passa / quem passa
O cotidiano de qualquer cidade pode parecer banal, algo como corriqueiro, sem importância, tedioso, monótono, que se pratica a mesmice de sempre. O dia-a-dia nos dá a ideia de algo que se reproduz consecutivamente com a duração do tempo, aparentemente repetitivo, de fatos irrelevantes, de gestos periódicos e da uniformidade de hábitos diários.
Para o poeta o cotidiano da cidade não é apenas lugar do trabalho, almoço-janta e dormitório; mas do encontro, do desencontro, do reencontro; do contato com o outro, dos namoros de esquinas