Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com Divino ou De Vino

DIVINO OU DE VINO
Encho a taça E me embebo Tua face Tua classe Lábios tintos Me rugem Em algum Ponto la France.
Divino espanto De letras Labirinto de vino Não sei em que Porto Me encontro Alguns goles E me embebo Em teu corpo Seus níveis de tanino E sua complexidade Me aperitivam Em abraços E queijos.
Teu sabor encorpado
Nenhum Châteaneuf-du-Pape
Com suas 13 castas
Me deixariam menos casto.
Pudesse te encontrar Na Borgonha Sem nenhuma Vergonha Te verteria Em doses tintas.
Extinto não é meu desejo
Por Cabernet Sauvignon
Teu gosto que permanece
Na boca
Conduz-me ao gozo
Em várias regiões
Eu me viro
Para te ver no Chile
Mas, se preciso for,
Eu me assanho Em versos Até Toscana Ou Bordeaux.
Não pode faltar Em nossas combinações Os Merlot Eles se misturam Como nossos sorrisos E por encanto Leve embriaguez.
Chego ao Cinema Noir (Pura rima à toa) Talvez porque me lembre De tua essência Pinot Noir. Oras, uvas que me deixam Em flagrante delírio Com o gosto de teu beijo. – Estou todo Borgonha por você! –.
Queria falar da Shiraz... Por favor, não se vá! Do Oriente Próximo Os romanos a trouxeram E as levaram para o vale de Rhône. Pudera eu cultivar tua presença Ser regular e resistente À saudade que me atormenta Intempéries... Não mais, não mais!
Malbec!... Adulto precoce Que de leve traz Teu buquê Com baixa acidez. Árido é o deserto Em que me encontro Macbeth... – Mosto que é uva – Não vislumbro Nenhuma tragédia. És popular Não Marly Monroe Talvez Evita Perón. Os argentinos me fazem bem.
Relembro Almodóvar... Quem sabe porque A Tempranillo Seja forte na Espanha. Tua cor Tua capacidade de envelhecer... Nem tão temperamental assim. Ah, tudo isso me bastaria!
As horas passam E esse vinho tinto Que me deixa tonto... Será que me esqueci De alguma coisa? Ah, sim. Uma garrafa De Romanée-Conti Que deixei na geladeira. Se não a encontrar Beberei o poema Que fiz para ti.
Parabéns