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Poesia - Aventuras na noite, por Isaac Ramos

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 5 de mai.
  • 2 min de leitura

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professor universitário, poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com "Aventuras na noite".


AVENTURAS NA NOITE


A noite rebuça o fim da tarde

Com um manto negro de cintilantes estrelas

Que perfilam impávidas sobre o panorama verde

Carregando consigo o branco das nuvens passageiras.


E nessa visão que aparenta ser derradeira

Assim se expressou um poeta: “A noite é uma criança!”

E não adianta lhe tentar explicar

Que ela ainda não foi banhada de luar.


A criança, a noite ou o poeta? Pouco importa.

São todos personagens da constelação noturna.


A noite buscando o sorriso no rosto da criança

O poeta extraindo o lamento da noite

A criança assistindo, à noite, o poeta

E por isso o poeta sorri para a medrosa criança

Para ver se consegue atrair a noite banida.


Mas a noite – ainda bem – não é cativa.

A noite já é uma menina!


A luz da manhã me conduz de volta

Ao paraíso encantado do meu caderno de notas

Que não me deixa viver um personagem lendário

Como foi o verdadeiro e insubstituível gato de botas.


E enquanto minha alma no espaço...

Prostrado, de costas para a realidade, meu corpo fica.

Abandono a boleia da carruagem de abóbora

Para beber no regaço da noite soturna.

Paralisado fico pensando e, quando levanto a cabeça

Vejo diante dos meus olhos


A figura de uma linda mulher com um pé descalço

Trajando um lindo vestido de seda azul

E, confesso – a principio – senti um percalço.


Mas a situação assim não poderia continuar.


– Dito e feito –

Conduzo a Cinderela até a carruagem de abóbora.

Desculpo-me pelo atraso e lhe devolvo um lindo sapato branco

Que deixara cair no começo da caminhada.


Oh, mas, que bobagem!

Com certeza estraguei um romance...

Isso é que dá viver um personagem errante.


E assim a noite irada se volta contra mim.

Dispersa os meus pensamentos

Chispando raios contra as mesmas.

Apavorado, fujo. E vou encontrar abrigo

Numa linda manhã de sol.

Paciência... devo ter antes de tudo.

Refeito do susto e do engano cometido

Reflito melhor e concluo:

Fui traído!... A noite não é mais criança,

A noite... já é mulher!




 
 
 

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