Poesia - Ancestralidade, por Ilsyane Kmitta
- Alex Fraga
- 8 de abr. de 2024
- 1 min de leitura

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Ilsyane Kmitta, com "Ancestralidade".
Ancestralidade
Caiu a noite
A porteira da roça se abriu
No ritmado do batuque
Voar e encontrar afeto, paz e amparo
Nos traços e nas linhas do Congá
Nas certezas, acertos e dúvidas
Do olhar perdido na pedreira adormecida
Reencontro do sagrado na defumação
Da herança ancestral dos Orixás
Da crença, da gira, no rodopio
Dos índios, caboclos a saudação
De ponto, guias e movimento
De pontos e pembas, na penumbra da noite
Da distância percorrida nas matas da Jurema
Do céu azul, da maresia a brisa
Da brisa ao amarelo
Do aconchego do preto velho
Da prosa feito poesia
Graça, flor, espelho e arte
Prece, graça, conchas e cocar
Doces, pipoca, beleza e preces
Seguindo sem pressa
Ou deveras apressado
Entrelaçados e amparados
Enredados nos caprichos da Jurema Sagrada
Olhar mareado, admirado
Até chegar à janela a flecha certeira
Da leveza dos detalhes
Da perfeição da obra no coco cortado
Beber a magia da gira no som do atabaque
Desvelar um pedacinho da ancestralidade
Dividindo espaços e memórias que perpetuam
De brilho fortuito e arte em madeira,
Madeira bengala,
Por entre cachimbos e histórias
Ouvindo boa toada
De clara que clareia a lua
E nesse balanço e compasso
Tem boiadeiro jogando laço
Se acostumando com as palavras
Que de tão verdadeiras
Parecem ser inventadas
Sumindo no giro das saias rodadas
No eco dos tambores
Gargalhando pelas madrugadas
Ilsyane Kmitta/ Janeiro/2022
Maravilha!
Sueli Motta - Aquidauana MS
Belo poema
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