Crítica - Henrique Maluf brilha e faz diferença no Bonito Blues in Rio Verde

Se o blues e a música country (antiga) têm raízes comuns, como dizem! Então, porque em um evento de blues não se pode inserir um músico que canta e toca suas raízes?. Quando o produtor Afonso Rodrigues divulgou a programação do Bonito Blues in Rio Verde com o show Fronteira Pantaneira, do músico mato-grossense Henrique Maluf, confesso que não me surpreendeu. Isto porque, acredito que esse ritmo faz parte também do blues brasileiro. Aí perguntam: como assim? Digo: é só prestar atenção e ouvir o rasqueado. Tem clara influência de música fronteiriçao nde a emoção é a mesma...o ritmo mais acelerado, no entando a sonoridade profunda faz com que incorpore elementos do blues e até mesmo do rock. Henrique Maluf e sua banda foram detalhistas com um repertório riquíssimo, além de ter ido muito além quando "pegou" uma viola de cocho, que para os leigos sobre esse instrumento, tem origem portuguesa, no entanto se desenvolveu na região do Pantanal e se tornou símbolo cultural de Mato Grosso de Mato Grosso do Sul. Ele esculpido em madeira e ganhou características regionais com uso de materiais locais e técnicas artesanais específicas. Henrique Maluf assim, encantou a todos e arrancou aplausos calorosos do público. Música de raíz como o blues é exatamente assim. Além de várias músicas autorais (um ponto a mais para esse artista), mesclou com algumas conhecidas do público, como Cuitelindo, canção composta por Antonio Xando e Paulo Vanzolini e que foi enternizada nas vozes de Pena Branca e Xavantinho, entre outros cantores brasileiros. Lembrou Almir Sater, com "Um violeiro toca", música essa em parceria com Renato Teixeira. E não faltou também "Merceditas", música mais famosa do folclore argentino e que foi gravada por Ramón Sixto Rios na década de 40 conquistando a todos. Aliás, muitos pensam que é uma canção paraguaia. Talvez um único detalhe no show Fronteira Pantaneira de Henrique Maluf que poderia ser perfeito: deveria encerrar o repertório com essa canção, que é mais vibrante. No entanto, o que foi apresentando por Maluf e seus grandes músicos, sem dúvida ficou entre os três melhores do Bonito Blues in Rio Verde. Os produtores de Mato Grosso do Sul e até mesmo os que "comandam" os órgão culturais do Estado deveriam trazer esse artista incrível que canta as raízes dos dois estados ao invés de valorizar artistas de renome nacional e internacional e que não trazem absolutamente nada culturalmente para o povo. Quem sabe até um intercâmbio entre os músicos de MS e MT. Seria fantástico... Valeu muito ouvir esse grande artista mato-grossense ! PS - Em tempo...a sonorização estava perfeito, diferentemente da Praça das Américas.

Fotos - Sandro Calixto