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  • Foto do escritorAlex Fraga

Crítica – CD de Dantas transita sensibilidade poética dos “bons tempos”

Nessas minhas viagens sempre estou atento sobre a produção artística nas cidades. No último sábado recebi em Dourados o CD do músico, cantor e compositor Dantas, intitulado “De Volta ao Labirinto”, lançado em abril do ano passado. Um trabalho autoral com 11 canções e que fecha com uma música considerada incidental, que para aqueles que não sabem, é aquela que a que acompanha uma obra teatral, um programa de televisão, um programa de rádio, um videogame e outras formas que não são os princípios música (Welcome To The End/ Chalana). O que de início mais me chamou a atenção foi justamente pelo artista trabalhar com canções autorais, algo que de princípio me agrada.

Antes de ouvir, como sempre faço, quis saber quais os músicos que o acompanharam nesse disco. Alguns já conhecia, como Rick Bergamo (harmônica faixa 6) e Paulo Portuga (percussão). Bom, pensei, algo ruim com certeza não seria. Também incluía Bozzo Barretti (orquestração faixa 4), Zito (bateria), Marcelo Basé (baixo na faixa 2), Claudinho Galvão (contrabaixo), Gustavo Dubbern (violões) e Osmar Medina (acordeon e teclados), Nos vocais: Isa, Niki e Gusta. A produção executivo é do próprio Dantas, com a co-produção de Tchelo Martins. A produção musical, Osmar Medina – Estúdio N Mixagem e masterização de Rafa Vaz e captação de vozes, Eliezer Rosa.


Ouvindo o CD “De Volta ao Labirinto” dá claramente para perceber e lembrar o estilo musical e de composição dos anos 70 e 80, que ficaram marcados pela busca da liberdade e principalmente a quebra de tabus. Aquele estilo marcante da época do movimento hippie, difundido e popularizado nos festivais. As letras e toques musicais das canções lembram a filosofia do “paz e amor” que todos sabem acabou se espalhando com aquelas estampas, batas, cabelos longos e calças boca de sino. Lembra Bob Dylan e até mesmo Mutantes em seus momentos de romantismo.


Abre o trabalho com “Adágio”, um verdadeiro poema musicado: “É um adágio tenso e desgovernado, seu riso de partida dilacera a cidade, como um palhaço louco, que há pouco incendiara um circo”. De partida deu aquela vontade de continuar ouvindo, pois a escolha foi certíssima. Normalmente ouço a primeira canção, se não me agradar, deixou para ouvir depois. Vieram então “Labirinto em lina reta”, “Drive in”, “Kaspar Hauser”, “Paredes de Pedra”e “Silêncio Cego”, aliás um detalhe nessa música: não considero uma falha, mas não necessitaria apresentar os músicos que estavam tocando a canção, já que não era um show e sim uma gravação de um trabalho musical. Mas talvez o artista tenha suas razões para deixar gravados os nomes deles. “Asfalto em Flor”, uma bela letra e com passagens poéticas interessantes, como: “Eu vou regar os rios e acender velas ao sol soprar a rosa dos ventos que me diz pétalas”.



“Prá Esquecer”, “Sobre Capitais” e a bela “Aves nas Antenas” que tem também uma passagem interessantíssima em sua letra: “Te vejo em campos de flores; mas, porque me escondes a mais perfeita e imaculada, flor ?”. O CD encarra com “Welcome to The End”e a conhecida “Chalana”, do acordeonista Mário Zan, tão tocada pelos artistas do Brasil todos, principalmente no Mato Grosso do Sul, só que no estilo Blues. Ficou diferente e interessante – o tradicional do regional das águas do rio Paraguai entrando nas margens do rio Mississipi. Uma boa sacada. Vejo essa obra “De volta ao Labirinto” como um trabalho que deve ser ouvido por todos que adoram uma boa música. Valorizar o autoral é de fundamental importância. Esse artista merece mais espaço e um show urgentemente em Campo Grande e em outras cidades. Dourados sempre surpreendendo. Excelente CD!

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