Artigo - Riedel governa no crédito e o futuro paga a fatura, por Paulo Esselin
- Alex Fraga

- há 9 horas
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***Paulo Esselin Professor ***** - - - - - -
Durante a campanha de 2022, o então candidato Eduardo Riedel, ao abordar o tema sobre as finanças públicas, não deixou por menos, “Mato Grosso do Sul está fazendo ações porque tem dinheiro. E tem dinheiro porque fez o dever de casa. Não ficou na retórica, na solução fácil, fez uma gestão séria, comprometida com resultado. Não é varinha mágica, é gestão. E por isso tem dinheiro para aplicar.”
Ultimamente, o discurso de Eduardo Riedel, não é tão otimista. As contas do seu governo não estão como ele vinha proclamando, a realidade é outra, os problemas fiscais vieram à tona e desde agosto o governador mudou o tom, quando tomou a iniciativa de “que se iniciasse rigoroso controle de despesas, o corte recomendado anunciado era de R$650 milhões, valor expressivo, dado o tamanho da economia. Cada Secretaria deveria contribuir reduzindo suas despesas de custeio em 25%, inclusive na educação e saúde.
O corte de gastos segundo Ridel, era para manter a capacidade de investimento e austeridade fiscal, admitindo: “estamos atravessando um momento COMPLICADO do ponto de vista financeiro e orçamentário”. A drástica redução do custeio manteria as premissas essenciais de equilíbrio fiscal sem aumentar impostos, assim sustentaria os investimentos em saneamento, pavimentação de estradas, bairros, reforma de escolas. .
O problema parece ser muito mais grave do que o governador vem anunciando, tanto é verdade, que vai estender a redução de custos de 31/12/ 25 para 31/12/ 26, para como sempre manter o equilíbrio fiscal. Ou seja, no ano vindouro, 2026, setores estratégicos econômicos e sociais continuarão perdendo recursos, como nos anos anteriores dado à situação das contas públicas, e o aumento das renúncias fiscais.
Convém lembrar que em 2024, o Estado contraiu empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, obtendo dele a cessão de R$ 2,3 bilhões, para recuperação, pavimentação, ampliação de rodovias que ligam o Vale da Celulose à futura Rota Bioceânica, segundo ele um projeto logístico estratégico para que
o estado possa garantir a manutenção, e monitoramento de rodovias estratégicas, para fortalecer a competitividade logística e o escoamento da produção agroindustrial sul-mato-grossense.
Esse empréstimo veio em muito boa hora, para o governador, é claro, afinal permitiu que os investimentos previstos no orçamento público fossem mantidos, como também suas promessas a prefeitos desesperados. Os recursos obtidos vão garantir a continuidade das obras, mas fica evidente, que não tendo dinheiro próprio, e estando seus cofres vazios, o nosso querido Estado de Mato Grosso do Sul perdeu totalmente sua capacidade de investimento.
Contraditoriamente e para surpresa de muitos, no começo do mês de novembro, o governador apresentou a Assembleia Legislativa um novo projeto pedindo autorização para contrair mais um empréstimo junto ao Banco do Brasil, da ordem de R$ 950. 000 milhões, ainda aguarda os trâmites de garantia da União para ser investido em infraestrutura nos programas MS Ativo 1 e 2. É varinha mágica, GOVERNADOR RIDEL, NÃO é gestão!
Detalhe, o governador tinha pressa, levou o documento em mãos, pediu aos deputados para que deliberassem ainda esse ano, em regime de urgência. O projeto, não especifica os fundos, programas e obras que receberão os recursos, nem apresenta cronogramas, garantias, contrapartidas.
Ainda cabe registro, no dia anterior, os deputados haviam aprovado outro pedido de empréstimo, de US$ 80 milhões, para o Executivo oferecer como garantia na PPP (parceria público-privada) que fará com uma empresa para a gestão administrativa do Hospital Regional. Eduardo Riedel, ainda recorreu a novo financiamento, junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BIRD. Foram liberados de R$ 1,36 bilhão em 11 de novembro de 2025, para também destravar projetos de infraestrutura, mais uma vez com o aval da União. Aliás, sem o governo federal, o Estado de Mato Grosso do Sul estaria paralisado.
A dívida consolidada do Estado em maio de 2025 era em torno de R$ 9. bilhões. O PIB alcançou o patamar de R$ 142. 204 bilhões. ://www.ibge.gov.br/explica/pib.php. O gasto tributário estadual 50,01%, (refere-se aos recursos que o governo deixa de arrecadar ao conceder
isenções, subsídios ou descontos em impostos para atingir objetivos econômicos ou sociais específicos). A receita prevista para o ano de 2026 é de R$ 27,19 bilhões, orçamento já aprovado pela Assembleia Legislativa. Pior ainda, a previsão de crescimento comparada ao ano fiscal anterior é de 3%, abaixo da inflação que será de 4,4%. E o governador tem contado a anedota de que “a meta é dobrar PIB em 10 anos”.
Para se ter uma melhor compreensão do endividamento e da situação econômica de MS, a título de comparação com o vizinho Mato Grosso, ali a dívida consolidada é de R$ 3,78 bilhões, enquanto o PIB está projetado em R$ R$ 329,3 bilhões, ://www.ibge.gov.br/explica/pib.php. Com o gasto tributário 33,2%, sendo a receita prevista para 2026 R$ 40,7 bilhões, o valor representa crescimento de 10,02% em comparação com o ano fiscal anterior. Nos últimos quatro anos a dívida foi reduzida em 3 bilhões. www5.sefaz.mt.gov.br
O ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos, que passou recentemente por Campo Grande para prestigiar o lançamento do livro “Filinto Muller: a verdade por trás da mentira” concedeu na ocasião entrevista ao jornal Campo Grande News, onde destacou que o avanço econômico de Mato Grosso é consequência direta de uma política fiscal mais equilibrada e da redução dos incentivos a grandes grupos empresariais. Exatamente o contrario do que ocorre por aqui, onde a Renúncia fiscal cresceu 114% do ano de 2023 a 2026, beneficiando 1,5 mil empresas.
Tem outro grave problema, segundo o Relatório Resumido de Execução Orçamentaria em Foco dos Estados + DF publicado em 20 de agosto de 2025, o custeio da máquina pública com pessoal teve a maior participação na composição das despesas liquidadas em relação à receita total, no terceiro trimestre de 2025, atingiram a marca de 59%, um ponto do limite máximo do volume de gasto permitido pela lei de responsabilidade fiscal. A luz amarela e vermelha está acesa governador! O Estado corre o risco de não ter recursos sequer para honrar a folha de pagamento. É o momento ideal para com clareza, aceitar os gravíssimos problemas que o Estado está enfrentando e admitir a má gestão desde que assumiu o posto no Executivo e estabelecer uma política fiscal responsável.
Ainda dá tempo para, estabelecendo uma política fiscal responsável, honrar um governo humanitário e empreendedor prometido, durante a campanha, ao povo sul- mato-grossense que acreditou em suas palavras”.
No entanto, e a seu favor, o governador tem afirmado que o comprometimento da folha de pagamento está em 44%, o Estado nas palavras dele está muito saudável.
Em meio a tantas, más notícias, segundo a Fundação Getúlio Vargas, o agro e o setor de celulose vão poder continuar comemorando as novas benesses, a Renúncia Fiscal que atingiu o patamar de R$ 6,172 bilhões em 2025, tem previsão de que vai quase dobrar ano que vem, atingindo o valor de R$ 11,950 bilhões e com a previsão de ultrapassar R$ 13,4 bilhões até 2028. Essa é a gentil subserviência do governador às elites econômicas de MS. Dinheiro que deixará de entrar nos cofres públicos. A metade do orçamento anual. Esse valor é significativo e aponta questões cruciais sobre a sustentabilidade do modelo adotado pelo governo do Estado. Endividamento, renúncia fiscal, aumento de benefícios fiscais eis a triple natural para a ruína.
Mesmo diante dessa situação o governador mantem propaganda televisiva oficial agressiva que insiste na narrativa de progresso e crescimento econômico e social do Estado. Como se estivéssemos nadando em prosperidade. Que lastima.
**** É professor titular aposentado da UFMS





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