Domingo no Blog do Alex Fraga é dia de artigo do P. Osmar Resende, sdb, da pároco de Guarapuava (PR), com seu artigo intitulado "Amar o Inimigo".

AMAR O INIMIGO (Lc 5,38-48)
Osmar Resende SDB
Certa vez Jesus disse: “Ouvistes o que foi dito: ‘dente por dente, olho por olho’ (cf. Ex 21,24). E, ainda: ‘Amarás teu próximo e odiarás teu inimigo’ (Lv 19,18). Eu, porém vos digo: Amai vossos inimigos...”
O Evangelho, a Boa Nova de Jesus, é revolucionário, enquanto revoluciona nosso interior, nossa mente, nosso coração. Conduz-nos à santidade, uma vez que somos santuários de Deus. Existe uma saudação oriental: NAMASTÊ que significa: “o Deus eu está em mim, saúda o Deus eu está em ti”.
O melhor exemplo nos vez do próprio Jesus que morreu perdoando: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
O amor ao inimigo se manifesta, pois, em primeiro lugar, no perdão. Temos o grandioso exemplo de São João Paulo II ao visitar na prisão aquele que tentou assassiná-lo, Ali Agca. O Padre Aquilino Xavante em 2008, ao comemorar os 50 anos da Missão Salesiana em São Marcos (Barra do Garças MT), disse que a maior contribuição dos salesianos missionários foi a mensagem, o testemunho do perdão, pois havia muitos conflitos entre os Xavante.
A visita do Papa Francisco ao Sudão e à República Democrática do Congo foi também muito significativa, no sentido de pregar a paz, a justiça, o perdão, o amor, a misericórdia.
Certa vez, em Meruri MT, diante do problema sério do alcoolismo e da exploração entre os bororo, no alto do Morro, ao celebrar a missa, tive a tentação de lançar uma maldição sobre algumas pessoas que exploravam os Bororo através da venda de bebida alcoólica, mas a minha consciência cristã me levou a invocar a bênção de Deus, a conversão do coração, em vez da maldição.
Na Pastoral Carcerária trabalhamos muito a questão do perdão, do amor até ao inimigo. E se fala da Justiça Restaurativa que visa colocar a vítima diante de seu ofensor, buscando o diálogo, a compreensão, a superação dos traumas, o perdão.
É justo indignar-se como Jesus, diante do mal. Combater o mal, as injustiças, porém com as armas da paz, do amor.
Os grandes, os poderosos, querem resolver os problemas com a guerra, com a violência. Existe uma verdadeira indústria de guerra. Mas sabemos que os caminhos da paz, da verdadeira paz, passam pelo diálogo, pela justiça, pela fraternidade.
Violência gera violência. O fim não justifica os meios.
O verdadeiro amor passa pela simpatia, pelo afeto, pelo perdão, pelo amor ao inimigo e até mesmo a amizade sincera. Isso é radical, mas é evangélico.
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