Texto Poético - Sobre canções e para-brisas, por Inorbel Maranhão Viégas
- Alex Fraga

- 8 de nov.
- 1 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de texto poético com o jornalista, poeta e escritor de Brasília (DF0, Inorbel Maranhão Viégas, com "Sobre canções e para-brisas".
Sobre canções e para-brisas
Se eu morrer, não chore não
É só a lua...
Lô Borges (Um girassol da cor do seu cabelo)
Lô pediu, sem querer, que a gente não chorasse. Talvez não passasse de uma brincadeira. Talvez fosse só poesia. Um efeito poético pra impressionar um amor desavisado.
Mas entre o pedido feito, lá atrás, gravado para a eternidade no disco de vinil e o dia em que se tornou impossível atendê-lo, de fato, uma vida inteira passou por nós, eivada de poesias e canções.
Na noite do domingo, Lô tornou-se um traço de luz, cruzou de vez o céu, e foi ocupar um espaço na eternidade, bem ali, ao lado da lua que nos restou. E a manhã chuvosa de segunda-feira permitiu que o meu choro se disfarçasse e se confundisse com a chuva que bate insistente no para-brisas do carro.
Minha vitrola mental toca sem parar o álbum Clube da Esquina. Penso no girassol da cor dos seus cabelos, no trem azul, no céu de giz. Penso nos meus ídolos que se despedem aos poucos, aos montes...
E lamento minha impotência diante dessa fratura cultural que se abre à nossa frente. Não creio que ela seja preenchida outra vez.
Então, ouço Lô.
Soluço enquanto ouço Lô.
Só ouço.
Soluço.
Só Lô.
Só.
Inorbel Maranhão Viegas
Brasília 03/11;25





❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Eu também.