Texto Poético - Lisboeta, por Inorbel Maranhão Viegas
- Alex Fraga
- 30 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de texto poético do jornalista, poeta e escritor de Brasília (DF), Maranhão Viegas, com "Lisboeta".
Short cuts de sexta
Lisboeta
Há qualquer coisa de Madre D’eus na Alfama. Não só os azulejos seculares, as igrejas, as ruas estreitas, as pedras de cantaria… Não só.
Entre a Madre D’eus e a Alfama, neste momento, há um ar de identidade íntima. E eu me vejo, por isso mesmo, como um elo transposto no tempo.
Morro do Querosene, lá. Calçadinha de São Miguel, aqui. Rua da Aurora, aqui. Rua do Sol, lá. Fonte do Ribeirão, lá. Terreiro do Paço, aqui. E eu, refém das circunstâncias que aquecem minha alma e fazem lágrimas marejarem meus olhos.
Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Madre D’eus, de Portugal?
Janelas do Tejo
Na casa de Philipe a janela dá para o Tejo. Sim, também dá para as torres da Igreja de São Miguel, para a Calçadinha, para a vendedora de ginja… Mas, sobretudo, dá para o Tejo.
Nos dias de sol, mesmo no inverno, a luz entra pela sala e ilumina a mesa onde se faz refeições.
Há alguma semelhança entre a janela da casa de Philipe e a de minha casa.
Por lá, quando é manhã e eu me ponho a tomar café, minha vista se renova com o céu de Brasília e com os aviões que não param de pousar ou arribar.
Por aqui, são os navios gigantescos, cheios de turistas de todos os cantos do mundo que permeiam o horizonte enquanto passam, breves, pelo ancoradouro.
Creio, firmemente, que tal como eu, Philipe prefere os hiatos, entre um navio e outro, quando a ausência de limites farta o olhar com a beleza silenciosa do Rio Tejo.
Inorbel Maranhão Viégas
Lisboa - 29/11/24
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