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Texto - Passado presente, por Inorbel Maranhão Viegas

Foto do escritor: Alex FragaAlex Fraga



Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o jornalista, poeta e escritor de Brasília (DF), Inorbel Maranhão Viegas, com "Passado Presente"


Passado presente


Na fronteira onde fui parar ainda menino, que aproxima Brasil, Paraguai e Argentina, tudo era descoberta para os meus dez anos de idade.

O frio do lugar, o barro das ruas incompletas, as casas de madeira sem matajuntas, a branquitude, o sotaque da língua, a saudade da minha ilha e dos amigos da infância interrompida.

Ilhado em minha solidão de criança escrevi cartas que nunca chegaram ao destino. Morreram embaixo dos travesseiros esperando leitura.

Lamento não tê-las guardado. Uma que fosse me daria a noção de tempo, espaço e distância entre o que eu fui, de onde vim e o que sou.

Vem desse tempo minha descoberta da beleza da escrita e minha paixão pela leitura e pela música.

Machado de Assis, José de Alencar, Rubem Braga, Otto Lara Resende, Drummond, Khalil Gibran, Charlie Garcia, Violeta Parra, Mercedes Sosa… compuseram meu imaginário e meu real. Moldaram minha forma de ver e sentir. Temperaram minha caminhada inicial pela vida.

Depois disso, a poesia me tomou. E desde então, percebo as janelas do mundo que se abriram diante dos meus olhos como um sinal de desbravamento.

Em noites escuras de mar bravio, recorro ao astrolábio para decifrar o rumo com a ajuda do céu estrelado. Me aprumo e vou. Minhas cartas de agora, ainda que virtuais, sabem seu destino.


Inorbel Maranhão Viegas

Brasília, 12/07/24

 
 
 

1 Comment

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joão francisco santos da silva
joão francisco santos da silva
Jul 13, 2024

Que texto interessante.  Nos permite tantas reflexões.  Memórias importantes que poderiam ter sido escritas no frescor dos acontecimentos e principalmente dos sentimentos que  despertaram e que deixaram de ser registradas.  As mesmas memórias hoje invocadas, não são mais aquelas de antes. Viram conhecidas distantes. Nostornamos outras pessoas e de alguma forma mais que as lembranças dos fatos, gostaríamos de resgatar as sensações experimentadas. Inorbel, dá imaginar a sua vontade ler de novo aquelas cartas perdidas. Parabéns.  Ótimo texto pude viajar  um pouco com ele.

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