Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de texto com o jornalista, poeta e escritor de Brasília (DF), Inorbel Maranhão Viegas, com Boletim do dia - o oitavo depois de tudo
Boletim do dia - o oitavo depois de tudo
Quando ela desceu a escada eu já estava lá embaixo. Café da manhã quase concluído.
Volto os olhos pro alto. Ela ainda desce com cuidado. Se apoiando na parede contrária à aquela em que estão nossas fotos de família. Mas, percebo, já é outra pessoa.
Me descuido num olhar para a janela e ela me surpreende por trás, com um abraço quente. Um abraço é coisa simples, não custa nada além da vontade de dar e da concessão de receber. Mas como é bom!!!!
Ela quis sair do abraço e eu pedi mais. Ela estendeu por mais uns segundos. No tempo do meu sentido, uma eternidade.
Foi uma noite boa. Elas, as noites, estão se modificando. A de ontem, melhor que a de anteontem. A de amanhã será melhor que a de hoje.
É o tempo agindo sobre nós. E eu gosto dos registros do tempo em mim. Em nós.
Ah, as dores? Estão se modificando. Como as noites. Numa medida inversamente proporcional ao sono bom.
As horas de dores diminuem. As horas de sono aumentam.
O oito em pé lembra o circuito de um Autorama. Desses com os quais eu costumava sonhar em ter, quando era menino. Deitado, vira o símbolo do infinito.
Utopia adulta da criança que nos habita, o infinito nos provoca a caminhar. E assim vamos. Na esteira da melodia da poesia de Drummond, que Milton musicou:
“Caminho por uma rua que passa em muitos países, se não me veem eu vejo e saúdo velhos amigos…”
Inorbel Maranhão Viegas
Muito bom.
Lucas Martins
Porto Alegre RS