*** Lu Bigatão*** - - -
Peças serão encenadas quarta e quinta-feira e depois a outra no início de maio.
O Teatral Grupo de Risco está de casa nova. O novo espaço localizado no Jardim Paulista, será inaugurado com diversas apresentações teatrais. Nesta quarta (26) e quinta (27), tem Guardiões, e nos dias 5 e 6 de maio, acontece a estreia do Tesoura, nova montagem do grupo. As apresentações começam às 19h30. Toda essa movimentação faz parte do projeto "Depois do fim do mundo", que busca a manutenção das atividades do grupo, que em 2023 comemora 35 anos de atividades ininterruptas. O projeto foi aprovado no edital de Fomento ao Teatro da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campo Grande (FOMTEATRO/SECTUR/PMCG) e começou em fevereiro e prevê doze apresentações teatrais, diversas oficinas de formação e montagem de novo espetáculo Tesoura.
A ESTREIA DA PEÇA TESOURA - O espetáculo Tesoura é de autoria de Yago Garcia, tem direção de Ewerton Goulart e em cena estão Fábio Umeda e Yago Garcia. A história gira em torno dos personagens Mauro e Sebastian, que vivem uma relação cheia de desejo, repulsa e violência. Em cena, uma ferida exposta, um estranho magnetismo colérico, uma cruel realidade. O personagem Mauro tem tanto medo do envelhecer sozinho, que se submete a um relacionamento de abuso. Já Sebastian, que trabalha como michê, vai lutar até as últimas consequências para não assumir a sua sexualidade. Tesoura tem uma linguagem dura, crua, livremente inspirada no trabalho do dramaturgo Plínio Marcos, que se aprofundou nos personagens malandros e marginais.
Yago Garcia, autor do espetáculo afirma que os personagens não são heróis nem vilões- são seres humanos, vivem seus conflitos internos e sociais. “Trazemos para a cena, temas importantes que ficam escondidos entre quatro paredes e pouca gente tem coragem de abordar”, diz. E alerta- a peça é proibida para menores de 16 anos.
O espetáculo acontece no novo Espaço do Teatral Grupo de Risco, que fica na Rua Trindade, 401, Jardim Paulista
GUARDIÕES RETRATA UM PANTANAL CONTEMPORÂNEO - O espetáculo Guardiões faz parte do repertório do Teatral Grupo de Risco e está em cartaz há quase dez anos. A peça retrata um pantanal com os impactos e consequências da ocupação humana, onde os habitantes possuem uma relação simbiótica com o território que habitam e que, gradativamente, vão sendo expulsos da região. Os personagens sentem-se em desequilíbrio, assim como todo o ambiente, e enfrentam dificuldades com o novo sistema que se estabelece. A nova realidade que se impõe no território, fere as estruturas econômicas e sociais: o pantaneiro pressente a falência do seu mundo. A encenação é composta por Fernanda Kunzler, Yago Garcia e João Bosco Echeverria. A direção é de Roma Román, dramaturgia de Lú Bigatão Rios e cenografia de Márcia Gomes.
CIRCULAÇÃO DE ESPETÁCULOS - A proposta do projeto Depois do Fim do Mundo Grupo é descentralizar a produção cultural e para isso, além das apresentações no espaço do grupo, está levando apresentações para as regiões periféricas de Campo Grande, possibilitando o acesso de jovens e crianças que moram em bairros distantes. Além do bairro Buriti, onde começa o projeto, estão sendo contemplados os seguintes bairros: São Francisco, Coophavila II, Coophatrabalho, Nascente do Segredo e Oliveira II. Serão doze apresentações teatrais gratuitas, em espaços públicos, de diversos espetáculos. Estarão em cena: A Princesa Engasgada, Guardiões, Revolução, Do jeito que é hoje em dia e Tesoura.
OFICINAS - Uma outra atividade do projeto é a Oficina com Mulheres, em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas). Estão sendo atendidas duas comunidades, na região do Buriti, onde já está sendo desenvolvido um trabalho com mulheres na Associação de Moradores, e outro local é a Favela Vitória, na região do Noroeste. A ideia é trabalhar a partir da realidade dessas mulheres por meio de exercícios teatrais na busca de uma reflexão e autoconhecimento para superação e enfrentamento da situação de vulnerabilidade social. A oficina de formação é gratuita e tem a duração de dois meses e é coordenada por Romilda Pizani. Serão 16 encontros, totalizando 64 horas de formação teatral, cuja abordagem das atividades visam o empoderamento da mulher, a autonomia de corpo, a autoestima e o enfrentamento da violência contra a mulher.
NOVA SEDE DO TEATRAL - O Teatral Grupo de Risco mantém sua própria sede desde 2002. O espaço sempre foi utilizado por diversos artistas, grupos e coletivos na realização de atividades múltiplas associadas a arte e cultura. Durante muito tempo, o Espaço TGR, foi um dos únicos teatros abertos e em funcionamento (de mínima estrutura e acessível) na Capital e no Estado. Depois de 21 anos no mesmo local, o TGR está de casa nova. Um novo salão foi alugado e foi preparado para se tornar um novo local de encontros e apresentações culturais. A nova sede fica na Rua Trindade, 401, Jardim Paulista.
35 ANOS DE CAMINHADA - O Teatral Grupo de Risco comemora 35 anos de atividades em 2023. Foram quase 50 trabalhos realizados nessa caminhada, entre montagens teatrais, filmes, projetos sociais, campanhas educativas e oficinas de formação. O grupo é referência em estudos da identidade cultural do estado, pesquisas de linguagem, com compromisso com as questões sociais. O TGR participa dos momentos de debates sobre as políticas públicas locais e nacionais voltadas à cultura e mantém uma relação colaborativa com outros/as produtores/as e grupos teatrais, por meio da disponibilização de sua sede para ensaios, oficinas, rodas de conversa, seminários e workshops abertos a atores/atrizes, diretores/as, comunidade artística e acadêmica, além do público em geral.
A preocupação com os debates ocorridos dentro da classe artística acerca da formação de público e da democratização da arte direciona o grupo a propor este projeto que visa ampliar as possibilidades de participação das comunidades periféricas ao teatro e de manutenção das atividades do TGR.
*** É Jornalista
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