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Reflexão - Tonhão Boca de Porco - O transplante do órgão de Porco, por Sylvio D Prospero

Segunda-feira, no Blog do Alex Fraga, dia de texto de reflexão do poeta e escritor de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero, com seu "Tonhão Boca de Porco - O Transplante do órgão de porco.

TONHÃO BOCA DE PORCO - O TRANSPLANTE DE ORGÃO DE PORCO (Véio D'Prospero) Hoje de manhã dei uma passada no Antro Etílico, o boteco que costumo frequentar, e lá estava o meu amigo de bar Tonhão Boca de Porco, que está pintando o Boteco para a festa de aniversário, ja são trinta e cinco anos que o Saidera, o dono do boteco, abriu o Antro Etílico e eu, já frequento à uns vinte e cinco anos pelo menos.

- E aí seu Silvo, toma uma Liza prá moiá u pescoçu, eu já tô treminando esta paredi e vô prá casa armoça, daí eu tómu uma cú sinhô!!!

Pedi uma Liza pro Saidera, a de raizada, e me sentei no meu banquinho cativo.

Tonhão, todo respingado de tinta branca, com o pincél na mão calejada desceu da escada, se aproximou de mim, tirou o chapéu amassado e rôto da cabeça, e com a voz rouca de sempre, me falou:

- Seu Silvo, eu num intendu prúque ú pôvu tá tudu ispantado cum ú tár, transprante di coração di um porcu prum homi!!

Olhei para Tonhão, tomei minha liza e pedindo mais duas, uma pra mim e outra pra ele, lhe expliquei que isto é um avanço na ciência, podendo salvar muitas vidas, utilizando órgãos de animais em seres humanos.

Tonhão colocou o pincél na lata de tinta, enfiou o chapéu no bolso da calça, esfregou as mãos uma contra a outra, segurou o copo da Liza e num gole só desceu goela abaixo, e enxugando a boca com as costas da mão e se sentando no degrau ao meu lado retrucou:

- Istu num é nada seu Silvo... Ú qui tem di gente que já transprantô ú ispiritu di porcu í tá vivinho, isporcaiandu ú mundo... Cum tudu ú respeitu prús porcu!!!

Bebi minha Liza com raizada, e fiquei olhando Tonhão se levantar do degrau, me dar um tapinha no ombro, e com cara de sabe tudo, me falou baixinho perto do meu ouvido:

-Sabe nada seu Silvo!!!

E lá se foi Tonhão rua abaixo para sua casa, onde a Dita sua mulher lhe esperava para o almoço, e foi, como sempre, assoviando o Hino Nacional!!!

Pedi mais uma Liza, agora pura, pro Saidera, bebi devagar, sentindo o sabor ardente descer pela minha garganta, e pensei alto:

- É Tonhão, você está certo, o que tem de espírito de porco, com todo o respeito, circulando em corpo humano, é de lascar!!! (Véio D'Prospero)

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