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Reflexão - Minha História, por Sylvio D Prospero

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 17 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura

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Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia texto de reflexão com o poeta e escritor de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero, com "Minha História"


MINHA HISTÓRIA


Quando eu nasci, não chorei facilmente, foi preciso o doutor me dar umas belas palmadas...

 - É homem, um "guerreiro"!!! Disse ele à minha mãe.

Com quatro quilos de peso e cinquenta e hum centímetros de comprimento, esperei até os quarenta e cinco minutos do dia vinte e nove de Fevereiro de mil novecentos e cinquenta e dois do ano de JC, em pleno carnaval, para vir à este mundo.

A carinha do pai... diziam uns... nada, parece com a mãe, veja a cor dos olhos... diziam outros... parece com os dois... retrucavam os avós.

Como ainda não tinha me olhado no espelho, ficava imaginando que cara teria eu...

Mas não me muito, bastava ter dois olhos, um nariz, uma boca, duas orelhas tudo grudado numa cabeça, o que me intrigava mesmo, era o que o médico falou, "é homem", o que seria isto?

Recebi o nome de Sylvio Tadeu, pois alguém tinha dito ao meu pai que era dia de São Judas Tadeu(???) e ele resolveu homenagear o santo, sabe-se lá porquê?

Dentro do meu pequeno conhecimento de vida, certas palavras e adjetivos que me davam, soavam distante, incompreensíveis e desconexos.

A primeira vez que suguei as tetas da minha mãe, como uma via láctea, o leite de suas veias me saciaram, me deixaram feliz e sonolento, e devo ter sonhado, pois algumas vezes ouvi alguém dizer, "quando dorme sonha muito e sorri".

Não gostava muito quando me separavam da minha mãe, para o banho, a consulta médica, ou quando uma visita me pegava no colo, era muito desconfortante, só ela sabia como me segurar, me acariciar e conversar comigo.

Aos poucos fui percebendo as cores, os cheiros, os sons, fui reconhecendo a voz do meu pai, dos meus avós, da enfermeira, então me conscientizei de que eu havia nascido, era homem, me chamava Sylvio, e era muito querido e gostava muito de sugar as tetas da minha mãe, pois elas me saciavam...

Me sentia muito confortável após o banho, e passei a gostar de certos tipos de cheiros, e também de detestar outros, especialmente os antes do banho e logo depois de parecer que eu estava me desmanchando, então eu chorava, com medo de sumir.

E nesta situação passei alguns dias no hospital.... em que nasci

 - Vamos para casa!!!! Falou sorrindo minha mãe, e eu sorri também, apesar de não entender o que significava aquilo, mas vindo da minha mãe, era coisa boa.

Me despedir da enfermeira me deixou triste, foi a primeira vez que senti aquela sensação de perder alguma coisa.

A luz do dia ofuscou os meus olhos, me obrigando à serra-los, mas o calor me deu carinho, então fui abrindo eles, bem devagar e me entreguei àquela luz confortante e fui apresentado ao céu azul, as flores, árvores, pássaros, enfim, fui apresentado ao mundo e ali começou a minha história, vivendo nele...

                    (Véio D'Prospero)

 
 
 

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