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Reflexão - Diário de uma Idosa 288, por Joana Prado Medeiros

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • há 14 horas
  • 2 min de leitura
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Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a professora universitária, historiadora, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 288.


DESABAFO, CONFESSO QUE ERREI...


A maioria dos meus relacionamentos foi um fiasco...Nunca fiz amor ouvindo B.B. King. Nem fumei na cama pós o amor, discursando e analisando o livro Anna Karenina; também nunca debati a dialética de Hegel e depois reorganizada por Karl Marx. Os livros de Simone de Beauvoir nem de longe foram mencionados. Também não teci conversas sobre a música Corsário de Oswaldo Montenegro. E as criaturas que comigo dividiam beijos e bebidas nunca entenderam a minha paixão por Belchior; ouviam Como Nossos Pais sem nenhuma cerimônia. Não construíam tecituras com a canção Construção de Chico Buarque. E nunca entenderam que o amor é infinito enquanto dura, do Vinícius de Moraes, exatamente porque a ele era dedicado todo cuidado "do pesar ao contentamento".

Definitivamente, medonha, foram os meus inúmeros casos romanescos; errei feio, muito feio...A plumagem da minha alma, ouvindo músicas clássicas, Cello Suite No. 1 entoada por Yo-Yo Ma, chora porque não fiz jus às suas fibras; pequei. Hoje, eu queria na cama um senhorzinho de cabelos brancos, assistindo ao filme Dersu Uzala e eu lendo Samuel Beckett (porque o filme já assisti muitas vezes). E eu espero Godot. Não que as diferenças separam, contudo e todavia penso que os enamorados que se encantam juntos diante das pinturas de Caravaggio, Leonardo da Vinci, das grandes obras de arte... E que silenciam diante de uma magnífica peça de teatro se abraçam eternamente. Que choram juntos a cova funda que nos cabe nesse latifúndio, abraçadas permanecem.

Para salvar essa desgraceira toda, ainda bem, contudo e todavia houve um Italianin que sorria Augusto Boal e versava Bertolt Brecht; ele sim, foi minha matriz. Também houve um Poeta que encantou minha vida de poesias e literatura... Entre lençóis havia Clarice Lispector, Cecília e Quintana e tantos outros. Quanto havia galos, noites e quintais e o beija-flor de Vital Farias, enquanto engomava a calça e contávamos histórias bem curtinhas... Estes, dois são do tempo da juventude; depois da adultice me perdi... O meu eu deixava para as horas que estava só. Custei a me achar e agora o meu eu em primeiro lugar! Moro em mim, e vivo por mim.


(Joana Prado Medeiros - 21/10/2025 - Direitos Autorais Lei 9.610/98)

 
 
 

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Esplêndido ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾🙏

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