Reflexão - Diário de uma Idosa 274, por Joana Prado Medeiros
- Alex Fraga
- há 16 horas
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Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a professora universitária, historiadora, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 274.
SOU DA NOITE - FILHA NOITE, TRAGO LUAS EM MINHA BOCA...
Sou "fácilfesta", muito "fácilfesta". Quando chega a noite eu enlouqueço, basta uma fresta de lua, uma rede a balançar, um verso apaixonado de vento...Basta o som das folhas na calçada e uma batida de porta. O som de uma criança rindo, uma música. O cheiro de café, bolo ou qualquer tempero... O som de chuveiro, a toalha molhada na cama. Eu sou mesmo de fácil encanto, basta um copo de chá, café, cerveja ou vinho, uma risada, a ligação de uma amiga e pronto já instalo a festa. E já fica decretado o devaneio, a música e o burburinho. A festa entra faceira pelas minhas ventas e meus olhos ficam ébrios, ébrios de aventuras, abraço faceira Sancho e agradeço por sua fiel amizade ao amado Dom Quixote...Vejo o carteiro chegando com cartas de Rilke e choro o silêncio de Pablo Neruda, te amo quando não dizes nada. A noite para mim é uma eterna prostituta, belíssima e encantadora, amo seus xales, suas sombras, seus medos e seus gozos. Sou da noite, sou filha da noite. Bêbada de vida eu corro com os lobos e teço agulhas em torres de castelo. Tiro a roupa em catedrais de escadas e sonhos de vitrais. Abraço o presente cheio de laços de ontem, de saudades, choro o agora de "Ágoras" de assembleias, coroas, orgias "venetáveis" (de veneta) tenho ânsias de amplidão nas madrugadas.
( Joana Prado Medeiros - 08/07/2025 - Direitos Autorais Lei 9.610/98)
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