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Reflexão – Diário de uma Idosa 25, por Joana Prado Medeiros


Sexta-feira, mais um texto de reflexão para o Blog do Alex Fraga da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros.

A mancha... Aquela mancha que tingiu de tinta o meu viver. ( todo mundo tem uma mancha que por ela tudo é capaz) Não recordo bem os acontecidos mas sei que na Escola naquele dia lindo iríamos tirar fotos ...Não sei que argumentos usei...Só sei que fui para a escola vestindo um lindo e gracioso vestido novinho...Fui a última a ser fotografada depois de mil prantos e ais...Eu estava sem o uniforme e isso foi um reboliço. Tudo a contendo foto tirada eu no esplendor de meus nove aninhos. Maravilha, fomos pra sala de aula quando de repente derramei o tinteiro na saia do meu vestido. Desespero de todos os "desesperos"... Cheguei em casa relativamente cedo...Entrei pelos fundos escondida da mãe tirei o vestindo rezando ao meu anjo da guarda toda proteção...Deitei o vestido no "batedor" (tábua de lavar roupas)...E coloquei sabão de soda esfreguei e nada da tinta sair...Olhei aos quatro cantos do mundo e resolvi colocar erva mate ai piorou...A mancha ficou esverdeada...Descabelei geral pensei em fazer xixi em cima mas lembrei do limão cortei um limão e dê-lhe esfregar na mancha melhorou um pouquinho mas não resolveu...Andei pelo quintal ainda conversando com o meu anjo da guarda meu fiel amigo até hoje...Vi cacos de telha e resolvi colocar fui então esmerilhando os cacos e depositei aquele pozinho no tecido a mancha ficou avermelhada..."Morri vermelho por 50 tons"...Sem saber o que fazer corri ao fogão e retirei as cinzas e esfreguei na mancha...E joguei uma caneca de água quente o vestido era azul clarinho...Melhorou...A mancha melhorou mas não o suficiente. Deitei desolada na grama de "quarar roupas" em frente ao batedor de roupas e fiquei olhando as nuvens de algodão...Foi quando lá no alto no telhado do galpão vi um chumacinho de pano com uma pedra de anil...Tive que retira-lo cutucando com uma vara de catar laranjas. Não tive dúvidas garrei aquela trouxinha azulada molhei um tiquinho lavei novamente o local da mancha com sabão de soda joguei bastante água limpinha e passei levemente aquele curativo azul...Olhei, esquadrinhei tornei a olhar e fiquei convencida parece que ficou bom...Deitei o bendito vestido novo para secar...A mancha desmachada quase ficou...Dai dei conta de contar para minha mãe que era uma fera...Eu não era ré primária já carregava um sortido histórico de castigos e surras por manchar os vestidos "de amoras, de tintas de bananeiras, de gramas. Fui um terror de menina. Bom a parte do tecido quase rasgou...Mas ficou usável a mancha ficou quase imperceptível. O que não rasgou foram as minhas artes e a coragem de resolver os problemas "dos problemas"...Ainda hoje tenho paixão por tirar manchas dos tecidos e do coração...Sou especialista em enfrentar as dificuldades e retirar manchas das manchas. De quase todas as espécies só uma delas que não tem cura é a nódoa da saudade essa mancha é feroz nem tento mexer com a baita deixo ela quietinha que reine quando bem quiser...Tomamos até chimarrão juntas e olhamos a lua.


(Joana Prado Medeiros - 17/04/2021) É pandemia. * essa é a tal foto e o vestido em questão.



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