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Foto do escritorAlex Fraga

Reflexão - Velhas roupas pouco coloridas e as máscaras, por Sylvio D Prospero

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga, texto de reflexão do poeta e escritor de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero, com "Velhas roupas pouco coloridas e as máscaras".


Quando começou a pandemia, resolvi me reunir com minhas roupas de uso pessoal e que conheço pelos nomes, coloridos, que lhes dei.

Chamei as seis camisas, branca, preta, azul marinho, azul céu, vermelha, e a cinza chumbo.

Chamei os três shorts, azul céu, marrom e o preto.

Chamei as três calças, azul escura, beje, e a preta.

Achando que eu não iria chama-las as sete cuecas, todas pretas, se apresentaram espontaneamente.

Duas camisetas sem manga, a vermelho escuro e a verde musgo, que estavam escondidas entre os quatro pés de meias pretas, apareceram meias sem jeito, pois estavam bem amassadas.

De repente a blusa de lã cinza chumbo, e a jaqueta de couro marrom, gritaram perguntando se elas também tinham que se apresentar.

Com todas as roupas reunidas, me dirigí à elas e anunciei que teriam novas companheira, que obrigatoriamente teriam que nos acompanhar em toda saída de casa, ou quando aparecesse alguém que não fizesse parte do nosso dia dia e, que elas apenas passariam um tempo e iriam embora, sem deixar saudade!!!

Apresentei então as seis máscaras pretas feitas pela minha filha Tini Arte Em Pano

.O ciúmes foi geral entre as velhas roupas coloridas, até chegaram à perder as cores, especialmente as cuecas pretas, que se sentiram desprestigiadas, e as meias pretas que fazia tempo eu não usava, entraram em um choro compulsivo, enxugando os olhos e assoprando o nariz nas duas camisetas de mangas curtas, a vermelho escuro e a verde musgo.

A blusa de lã cinza chumbo tomou a palavra, por ser a decana das roupas, mais de quarenta anos me servindo, e sabedora da crise de saúde existente, do tal Coronga e da necessidade destas novas peças, principalmente pela minha segurança, gritou:

Elas podem ficar, mas não ficaram entre nós, guarde-as na gaveta das toalhas, dentro de um saco de plástico!

O tempo passou as mascaras fizeram moradas em minha casa, uma está vivendo com uma cueca, outra casou com o shorts marrom e já possuem dois filhos, um shortinho e uma mascarinha, a blusa de lã cinza montou um conjunto de rock e uma mascara é a cantora, outra mascara, vergonhosa, vive dentro do bolso da calça bege, outra mascara, aproveitou da situação e criou um partido politico, o UMNL "Uso Mascara mas Não sou Ladrão", com as camisas branca, preta, azul marinho, azul céu e a cinza chumbo, que convenceram todos à se filiarem.

E assim o tempo passou, e pelo que estou vendo as máscaras vieram para ficar!!!

(Véio D'Prospero)

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