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Reflexão - Tonhão Boca de Porco - Ser ou não ser Paciente

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga, dia de texto de reflexão, do escritor e poeta de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero, com seu texto "Tonhão Boca de Porco - Ser ou não ser paciente.


TONHÃO BOCA DE PORCO - SER OU NÃO SER PACIENTE

Depois de uns dias sem aparecer no Antro Etílico, boteco que costumo frequentar, lá estava eu, sentado no banquinho novo, chique, tomando minha liza quando Tonhão Bôca de Porco, meu amigo de bar, entrou e foi logo me cumprimentando todo sorridente.

-Qui bom qui o sinhô vortô seu Silvo, pensei qui tinha largado da mardita e isquicido di nóis!!

Levantei para abraçar Tonhão, mas com sorrisos lembramos do distanciamento social e demos apenas uma "cotovelada".

Pediu uma liza, tirou a máscara, sentou-se no degrau, deu uma golada, me olhou e disse:

-Seu silvo, tava lôco prá priguntá uma coisa pru sinhô...

-Diga lá Tonhão!!

-Tô veno na TVzinha us pessoá dus intindidus da lei, dizê qui us puliticus ladrão tão tudo duente, são tudu paciente, é verdadi?

Tentei explicar para Tonhão, que paciente é a nova forma de citar as pessoas que estão em débitos com a lei, de uma maneira mais humana, politicamente, se é que é, correta.

Tonhão levantou-se, pediu outra lisa que virou goela abaixo, e com cara de entendido falou:

-Então seu Silvo, sí u dotô médicu lá du SUIS mim chamá di bandidu, ladrão, safadu eu pósso ficá assussegadu, quí ele tá mim chamanu di paciente?

Engolí sêco, pedí duas lizas, uma para mim outra para o Tonhão, brindamos, bebemos, sorrimos, gargalhamos, Tonhão deu um tchau, colocou a máscara, e desceu rua abaixo.

Pedí outra liza, bebí devagar pensando alto, como responder ao Tonhão, se eu não tinha a resposta nem pra mim!!!

( Véio D'Prospero)

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