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Reflexão - Eu feio ?, por Sylvio D Prospero

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 18 de dez. de 2023
  • 2 min de leitura


Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero, com Eu feio ?


REFLEXÃO - EU, FEIO???!!! (Véio D'Prospero)


Quando eu era criança, ao me olhar no espelho, me achava bonito, achava não... Eu era bonito! Apesar dos cabelos serem loiros, tinha uma mistura de espiral com porco espinho, e como não havia como acertar a forma de penteá-los, deixava-os embaralhado, nem pra cá nem pra lá e ficava feliz quando ia no barbeiro e meu pai mandava cortar "americano curto", raspado do lado e atrás, e bem baixinho em cima, com um pequeno topete. Os olhos azuis se desencontravam com a protuberância do nariz, aquilino para baixo, que às vezes cada olho ia para um lado, buscando o melhor ângulo para enxergar. Os lábios finos, se escondiam para dentro da boca, mostrando um sorriso reto, o que me dava uma cara de bom palhaço e gerando dúvidas, se eu tinha dentes superiores. Minha grande preocupação contudo, eram as orelhas, apesar de não serem grandes, pareciam duas conchas, aquelas da Shell e que me faziam lembrar o cara das capas da revista "Mad" (quem lembra?). Eu era baixinho, miúdo, e ainda por cima tinha uma deficiência, ao falar, era gago!!! Como se podia ver, meu destino de galã estava escrito e desenhado. Durante a infância, a beleza não me preocupou, bem como a gagueira, graça à minha professora Dona Deysi de Abreu, que me ensinou a driblar esta deficiencua e, à quem devo o fato de nunca mais parar de falar, e sem nenhum preconceito. O tempo foi passando, fui aprendendo a conviver com a beleza, o que me incentivou à deixar a barba crescer, para desviar a atenção da beleza do resto do rosto, o que foi acompanhado pelo cabelo que se adaptou ao estrelismo de viver alinhado. Aprendi à ser alegre, brincalhão, contador de piadas e ler muito, o que me deu alguns conhecimentos de poesias e "causos"e em consequência me fez arriscar em rabiscar poesias, letras musicais e reflexões. Descobri que a música une as pessoas, e parti para tocar violão, que foi me abrindo portas para festas e reuniões, não sei se para mim ou para o violão, pois os convites sempre foram "não esqueça o violão"!!! E o tempo foi passando e a beleza foi amadurecendo, mas sem nunca estar me desacompanhando. Hoje, ao me olhar no espelho, ainda me acho bonito, apesar de as marcas do tempo terem se infiltrado no meu belo semblante, mostrando toda a dificuldade que tive tentando ficar feio, inclusive rabiscando mentiras sobre meu tipo físico, como este que você acabou de ler.

(Véio D'Prospero)

 
 
 

1 Comment

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Helena Pereira
Helena Pereira
Dec 18, 2023
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Bela reflexão. Eu nunca me achei bonita quando criança, pois só ouvia coisas ruins sobre mim, mas hoje vejo que eu era e muito, mas o narcisismo dos meus pais não permitiram que eu me enxergasse como tal. Comecei o processo de cura a bem pouco tempo... ainda é um processo. Mas a dificuldade em falar, não chega a ser gagueira, é uma trava... um engasgar, me mantem longe das rodas sociais.

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