Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão do escritor e poeta de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero, com "Eu, feio ???".
REFLEXÃO - EU, FEIO???!!! (Véio D'Prospero)
Desde criança, ao me olhar no espelho, me achava bonito, achava não... Eu era bonito! Apesar dos cabelos serem loiros, mistura de espiral com porco espinho, e como não havia como acertar a forma de pentea-los, deixeiva-os embaralhado, nem pra cá nem prá lá e ficava feliz quando ia no barbeiro e meu pai mandava cortar "americano curto", raspado atrás e bem baixinho em cima, com um pequeno topete. Os olhos azuis se desencontravam com a protuberância do nariz, aquilino para baixo, que às vezes cada olho ia para um lado. Os lábios finos, se escondiam para dentro da bôca, mostrando um sorriso reto, o que me dava uma cara de bom palhaço e gerando dúvidas, se eu tinha dentes superiores. Minha grande preocupação contudo, eram as orelhas, apesar de não serem grandes, pareciam duas conchas, aquelas da Shell e que me faziam lembrar o cara das capas da revista "Mad" (quem lembra?). Eu era baixinho, miúdo, e ainda por cima tinha uma deficiência ao falar, era gago!!! Como se podia ver, meu destino de galã estava escrito e desenhado. Durante a infância, a beleza não me preocupou, bem como a gagueira, graça à minha professora Dona Deysi de Abreu, que me ensinou a driblar esta deficiência, e à quem devo o fato de nunca parar de falar, e sem nenhum preconceito. O tempo foi passando, fui aprendendo a conviver com a beleza, o que me incentivou à deixar a barba crescer, para desviar a atenção da beleza do resto do rosto, o que foi acompanhado pelo cabelo que se adaptou ao estrelismo de viver alinhado. Aprendi à ser alegre, brincalhão, contador de piadas e ler muito, o que me deu alguns conhecimentos de poesias e "causos". Descobri que a música une as pessoas, e parti para tocar violão, que foi me abrindo portas para festas e reuniões, não sei se para mim ou para o violão, pois os convites sempre foram "não esqueça o violão"!!! E o tempo foi passando e a beleza foi amadurecendo, mas sem nunca estar me desacompanhando. Hoje, ao me olhar no espelho, ainda me acho bonito, apesar de as marcas do tempo terem se infiltrado no meu belo semblante, mostrando toda a dificuldade que tive tentando ficar feio, inclusive rabiscando mentiras sobre meu tipo fisico, como este que você acabou de ler. (Véio D'Prospero)
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