A historiadora, professora universitária, poeta e escritora douradense, Joana Prado Medeiros, entra com sua reflexão do Diário de uma Idosa XII.
O wi-fi ligado... Minha casa está morna...O meu eu derretido quase disforme nos conformes de então...Quer saber, sei lá!? Meu!! ... E pretendo dormir não sem antes vasculhar os meus!...Quando se vivi amando a vida dos nossos... E temos todo tempo do mundo, então as angústias parecem maiores...Esperamos um sinal de fumaça via Whatsapp, esperamos por um story sorrindo indicando algo...Quando se vive a vida deles, desejamos sinais...Bandeiras tremulando...Figurinhas de coração ou chorando...Queremos esquadrinhar fotos que indicam tempo e localização...Adivinhar onde foram! Como estão? ...Quando não podemos ver ao vivo e a cores... Nem sentir o olhar nem o tom da voz... Queremos o melhor do melhor dos entes amados e o calor dos abraços que longe estão... Perguntamos ao vento qual sabor da comida? Qual pizza comeram? Que série estão vendo? Quando estamos só e sabemos por redes sociais toda a dor dos nossos...E quando a transferência bancária não leva o calor do abraço... As chamadas de vídeos mostram o pranto e o riso por minutos preparados. Quando as fotos da mesa posta não posta os amados reunidos... Quando o viés "do dito fica nas teias das linhas ..." E o que dito que lembra os conselhos os velhos ditos e ensinamentos dos avós...Das palavras usadas exclusivamente do dito familiar que ninguém mais entende...Filtradas por ondas indivisíveis penetram sem respostas visíveis...Quando estamos juntos e os laços informes, disformes... Aí, só aí compreendemos a magia do invisível... Só aí compreendemos que a despeito da ditadura do corpo... Que outro corpo existe... Compreendemos que tudo é energia. Por hoje respiramos!!! Sabe, a solidão é sempre leque não se esqueça!!!
(Joana Prado Medeiros - 25/02/2021) É pandemia
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