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Reflexão – Diário de uma Idosa II, por Joana Prado Medeiros

Na continuidade dos textos de reflexão da professora historiadora e poeta, de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, sua viagem através das palavras em seus diários.

Quando chega a noite...Quando respiro o pão de cada dia...Depois do banho quente da lavanda e da roupa folgada dos pés soltos na chinela...Aperto os cinturões do dia ou afrouxo...Um aperto ali outro acolá um ponto a menos ou a mais...Anoto onde exige atenção... Quando chega a noite e percebo que não ouvi o som das vozes amadas que todas as tarefas foram executadas ao compasso somente do meu suspirar...Quando chega a noite a minha cabeça pende sem saber para que lado apontar...Os olhos cansados de ver telas...Ou de ver letras e letras... O ouvindo cansado dos cortes das cebolas e da panela de pressão que feito uma irmã grita comigo o """"chiado do meu país desgovernado"""!!! Arre égua!!! A TV emitindo vozes humanas ao vento da casa. E minha garganta seca recorda que nesse dia só falei uma única vez ao telefone com a moça do telemarketing oferecendo internet...E os dedos! Ah, os dedos viciados em teclados marcam em riste, feito um falo geme de prazer e comem discordâncias e concordâncias ...O dedos acariciam as redes sociais de pertencimentos, enquanto na parede e na estante fotografias miram hirtas identidades, memórias e solidão...Feito Sísifo ou talvez quem sabe são arcanjos que mostram feituras e bravadas... Quando chega a noite...Vestida do meu mundo tão desmundo...Que de tão grande pequeno é!!!...ops, pode também ser ao contrário que de tão pequeno grande é...Ouço mantras.

( Joana Prado Medeiros) 03/02/2021... É pandemia.

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