Sexta-feira, dia de texto de reflexão no Blog do Alex Fraga, com a historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 85.
Depois de 2 anos fui com casal de amigos em um barzinho em plena pandemia...( todos vacinados até a dose de reforço) Passei álcool em gel até dentro das narinas o tempo todo senti medo em cada ponta dos dedos nem ousava me mexer que pavor!...Tudo era estranho, eu não consegui reconhecer as ruas de minha cidade no claro das luzes à noite, que barbaridade. Me senti uma carmelita nos Andes... Céus, que mundo é este? Mal consegui tirar a máscara para beber cerveja. Conversei, ri, levantei um brinde sei lá ao que...E disfarcei feito bambu triste na beira da Lagoa meu mundo fechado e minha solidão. Aguentei firme, fiz de conta que estava tudo bem e bateu uma vontade da gota serena de ir ao banheiro e segurei quase morri e fiz xixi em casa . Acabei fazendo das tripas coração deixei uns trocados da minha parte que reparte e deitei o cabelinho...Sumi na brachiaria e vim " simbora" ...Mode que não sei sair mais não! Que contravenção jesuis e agora!? Faço o que? Larguei tudo na varanda, sapatos, bolsa, vestido e ilusões... Nua entro desvairada no banheiro...Lavo e (re)lavo e me seco hirta... Vou é ouvir Bethania e rezar o credo: " não mexe comigo que eu não ando só"...
( Joana Prado Medeiros - 11/01/2022) É Pandemia.
Fenomenal. Apear de parecer expressar um inexplicável exagero de sentimentos e atitudes que induzem sentimentos de culpa, é realístico o fecho da reflexão:- ... É Pandemia.
Soube, de forma artística e fotográfica, própria de alguém que tem DNA da poesia, grafar a reflexão que muitos de nós trazemos em nosso ostracismo.
Parabéns.
Excelente texto, reflexivo, pandemia continua o terror, como sair às ruas, como viver isolado quem tanto já viveu e ensinou os mais jovens, sentar onde alguém sentou, tocar nos objetos, portas, maçanetas, cadeiras, mesas, teclar caixa eletrônico e medo de contaminação, viver com álcool as mãos se desidratando todo tempo, a poetisa está correta em deitar o cabelo e sumi de volta para casa.