Quarta-feira, no Blog do Alex Fraga texto de reflexão da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 86.
FEITO... VARETA!!! E os dias eu brinco de noite e as noites brinco de dias...falando as paredes e confessando ao abrir as janelas das horas frias e surdas... O espelho reflete sisudo o risco da boca entreaberta de espasmo e solidão... O som das folhas rolam na varanda onde há tempos balançava a rede das risadas e o cheiro de alho e cebola... Enquanto agora o sal escorre pela venta que aberta de espanto murmura onde está todo mundo? E a lentidão das lentilhas e do pingo da torneira encrencada pinga a pinga dos minutos indeléveis do tempo... Quanto tempo no tempo se fez presente? Quantas horas do ponteiro para cima e a seta que indica seus raios de devaneios em dias... Solto o som enguiçado de minha rouca voz desconhecida de mim mesmo... Espantado meu coração zigazeia zabumbando um tanto triste...Bem levinho levemente chego enfim ao fundo ou quem sabe ao início de mim mesma... Como um invertido para raios de braços abaixados compreendo, enfim, que estou só... Tão só feito uma vareta de guarda chuva quebrado jogado ao léu... Respinga os pingos de um olho só... Hirta... Não ouso pensar... Que nenhum neurônio se mexe... Não, não quero pensar por quanto e nem quando... E muito menos no quando... Este quando que escancara e expande feito varizes...não dá mais para esconder... A condição ímpar de ser só... Tão só... Sem descrição e dó.
(Joana Prado Medeiros - 10/01/2017) *E hoje 13/12/2021 (re)público na página do meu diário. É Pandemia.
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