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Reflexão - Diário de uma Idosa, 76, por Joana Prado Medeiros

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 10 de nov. de 2021
  • 1 min de leitura

Nesta quarta-feira, o espaço no Blog do Alex Fraga para texto de reflexão da historiadora, professora universitário, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 76.

Da necessidade da crítica : Ainda escrevo com decoro, ainda vestida de cetim e de laços de fitas feito princesa destronada, ainda, não tenho coragem de quebrar o fosso dos ditames impostos à mulher mocinha ou à adulta ou à idosa vivida...Ainda, visto frases poéticas feitas para bom entendedor Ainda, visto a roupagem da branca ( parda no registro seguindo o embranquecimento da raça a lá Gilberto Freire) ainda teço os filões da boa escola de freiras paga com muito suor ...Ainda, carrego a dor de não ser nem de lá e nem daqui...A consciência de classe me molda os olhos feito cataratas...A cirurgia paga não me condiz e a cirurgia pública paga com o nosso dinheiro não é tão fácil assim há longa fila de espera...E afinal, leituras são poucas e livrarias estão a fechar...E por fim quem tenta ver a que classe pertence!? Cadê o ovo que estava aqui??? O mais difícil é desvendar os olhos. Ainda escrevo de modo agridoce...Ainda me espanta os palavrões e as grosserias esses em nenhum momento passarão...Contudo, na mesma linha tênue os embustes e disfarces com frases cortês e infames também não passarão...Ainda, escrevo crônicas quase amorfas para os desavisados...Seguirei treinando oxalá...Escrevo mal oh céus!!! Quem sabe o dito um dia chegue no chocalho da criança adulta e se faça ouvir... Machos em desalinhos procurem seus regos d'água porque a fonte está a secar...

( Joana Prado Medeiros - 09/11/2021) É Pandemia.

 
 
 

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