Sexta-feira, no Blog do Alex Fraga texto de reflexão da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu “Diário de uma Idosa, 44”.
Eu sou como a garça triste que mora à beira do rio...E as orvalhadas da noite me fazem tremer de frio...Assim, diz o poeta e assim sigo eu...Me fazem tremer de frio como a haste fria da minha sombrinha, como frio é o meu cabelo que cobre minha cabeça quente. Acobertando fios quentes de pensamentos revoltos. Enquanto olhos esbugalhados miram desconsolos o coração pipoca desalinhos desatinados assustando tambores. Dos berros e sangue do meu país...Zabumbeia o som dos feridos, sem atino desatinam sons com cheiro da morte!...Eu sou como a garça triste que chora a beira do rio...Do rio da vida do prato vazio de máscara pendurada...Eu a pele que ultrapassa o álcool em gel áspera ardida pranteia...A garça vestida de pele humana que soluça à espera...Da vida embutida no emprego do emprego embutido na comida, na luz, na água, na moradia...E pendurado no fio o lazer balança à espera de um dia poder acontecer...A saúde no armário se guarda...Eu a garça dos excluídos, do sangue vermelho atingido, da pele negra que apanha, do grito leite das mulheres sempre desqualificadas...Eu sou a garça triste dos analfabetos e sou a moradia dos desavisados que dizem que a vida nada tem em comum com a política...Eu o grito do travesseiro do povo silenciado que renovam escravidão...A garça triste que treme de frio...Nos porões do autoritarismo, a garça triste da barba que beija barba, do seio que beija seio...E, feliz da araponga errante que é livre e que livre voa para os bandos de seu ninho...Livre, livre, livre..
.( Joana Prado Medeiros - 03/07/2021) É Pandemia. Direitos autorais - Respeite é Lei.
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