Sexta-feira, reflexão no Blog do Alex Fraga com texto da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com “Diário de uma Idosa 39”.
Hoje, agora a noite eu vi dançar na trilha da corda bamba toda a miserabilidade e a beleza do ser...Vi dedilhar no osso da sopa a milenar história humana entre uma colherada e outra o som de nossos ancestrais faziam coro!!!...Todos reunidos ao redor da manutenção da vida e o primitivo do primitivo cantava glórias...Os dedos lambuzados e os sons diante de vistas esbugalhadas, festejavam a ditadura soberana do corpo...As línguas em seus quadrantes saboreavam gostos e os ouvidos ouviam sons e os olhos famintos alinhava-se as delícias..." As delícias"...""Ah, as delícias"" Todos sorvendo, todos """"""tão iguais"""""" diante da iguaria que alimenta... Tão soltos, despidos do qualquer que os une...Do qualquer que os separa...Humanos, arqueados, embodocados, diante da sopa quente que aquece...Disputando a concha cheia defendendo o seu...Nessas horas não tem disse me disse...O riso é solto e o prato quente é a reta final...Hoje, eu vi a volta do tempo e o tempo na volta e na curva da volta...Das cavernas dos meus de cócoras ao redor da caça...Humano demasiadamente humano grunhindo...Grunhindo... Gemendo...Se alimentando... Alimentando-se...Da morte que mantém a vida da vida que mantém a morte...Um infinito na minha colher deitou...e escorregou aqui.
( Joana Prado Medeiros - 23/06/2021) É Pandemia. — sentindo-se sentimental.
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