Sexta-feira, reflexão no Blog do Alex Fraga da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com Diário de uma Idosa 35.
Eu não sei tecer os fios de tal dor... Aprendi, no meu tear da coragem entrelaçar as dificuldades das contas, a multiplicar e a dividir o pouco vil metal...Aprendi sorrir com lágrimas na garganta, reguei centenas de vezes o baobá da dor das desilusões romanescas...Sequei as lágrimas com rímel e batom e caminhei com minhas belas pernas de salto alto pisando em tristezas...Mas, não aprendi a disfarçar a dor diante da morte...Eu não sei lidar com a dor da eterna separação...Nem nos meus mais loucos desvarios imaginei vivenciar tamanho horror...Se olho pra esquerda a morte de uma amiga de infância ali está, se olho pra direita um corpo de um ex-aluno ali está, se olho para meus pés o corpo de um desconhecido ali está, se olho por sob minha cabeça a morte de um colega de profissão ali está...E sob às minhas costas milhões de conterrâneos mortos ali estão.. Se olho dentro de mim aqui estão eles... Em cada grito meu em cada lágrima que desce...E para completar o combo as saudades dos meus, agora, dói mais do que jamais doeu...Eu não sei tecer os fios destas estrelas...Tento me agarrar na tríade que me sustenta: viver, amar e sonhar...Por breves momentos queimo entranhas... Até ali na próxima esquina.
(Joana Prado Medeiros 05/06/2021) É Pandemia
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