Nesta sexta-feira, texto de reflexão da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com “Diário de uma Idosa 30”.
Estamos cansados de ler, de sentir, de lives! Estamos de ressaca, o sentir deitou e está pequeninho...E dela só sabemos o nome e seu silêncio. Onde ampara tua foice? Em que plagas tu resides? Por que caminhas entre os vivos? Qual o método que usas para girar tua foice? Em que dobra do escuro da noite tu giras? Em que fenda do sol do dia de labor tu entras? Por que paralisa o sangue nas veias? Para onde levas os quentes sonhos? Onde escondes o eco das vozes? E tudo é transformação por que não sabemos sobre a carne comida de vermes e dos sonhos comidos no vácuo do além? Por que não te amamos na lua! Nas estrelas?! Nas festas de vinho... Por que não te celebramos em pleno gozo que é o único momento de oração plena entre dois humanos! Por que não te cantamos nos diversos momentos felizes ? Por que te evitamos a qualquer preço nos intensos perigos? Por que te evitamos se a vida é feita de ti!!! Morte, morte, morte és a única certeza que carregamos...Somos feitos de faz de conta, somos sonhos desfeitos comidos com pão e leite, somos pobres diabos sempre em labuta, usando sem cessar as mãos no fabrico de ninharias para chamar de nosso...A rede balança com a curva do teu corpo e daqui a pouco ela irá dançar sozinha ao sabor do vento...Daqui a pouco teu cheiro não durará mais que 24 horas...Daqui a pouco seu livro preferido não será aberto...Eu te canto e te choro desde que nasci...Dobre a esquina e não me veja por favor, eu não me depilei...
(Joana Prado Medeiros - 09/05/2021) É pandemia.
Comentários