Reflexão - Diário de uma Idosa 239, por Joana Prado Medeiros

Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a professora universitária, historiadora, escritora e poeta de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com "Diário de uma Idosa 239".

SÓ SEI QUE SESSE ASSIM...ESSA FOTO.

..Não faço literatura! Não faço porque não sei. Tudo o que escrevo são apenas dores paridas no musgo das pedras do meu viver. Tenho feito bordados de corações com recheio de forças e coragem pra mode respirar, não é fácil e ao mesmo tempo é facílimo igual o bater das asas das borboletas. Tempos atrás fui sozinha ao shopping era um sábado à tarde, andei olhando vitrines, fui a livraria, olhei os cartazes do cinema e sentei tomando um ovomaltine. Pedi para uma moça tirar fotos minhas. Essa foto que posto aqui foi desse dia, creio, que faz três anos e meio por aí. Logo depois deixei de pintar os cabelos, eu estava profundamente triste, meu coração parecia bater na sola dos sapatos. O meu mundo inteiro estava magro, magricelo, cinza e cheio de dor. Eu não deixei de ser triste e também não deixei de ser feliz, nem triste nem feliz, eu ando enjoada das polaridades e dos conceitos dos preconceitos e acho tão bobo isto ou aquilo. Acho bobo classificar as coisas. Niilismo!? Apatia? Alexitimia!? Será?...Não sei e não sei e não quero saber. Hoje ganhei um pouco de peso e ganhei farpas, ganhei espadas nas mãos, hoje depois de ter morrido enquanto tirava essa foto, remorri e agora revivo e sobrevivo...Em tempo, não me preocupo sou vida eterna. Quem olha a foto vê a imagem. E a imagem é aquilo e não aquilo "desaquilo e tantoaquilo". Só por dentro a gente sabe...

( Joana Prado Medeiros - 22/10/24 - Direitos Autorais Lei 9.610/98)