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Reflexão - Diário de uma Idosa 230, por Joana Prado Medeiros

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 21 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura


Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu "Diário de uma Idosa 230".


O POÇO SECOU...


Triste, estou. Com suas águas frias no verão e mornas no inverno lavaram todas as minhas ilusões e sonhos. Em suas águas, mergulhei meu suor e minhas lágrimas. Escorreu sua água enquanto chorávamos a dor da partida do meu maninho e três anos depois a partida do meu paizinho. Poço certeiro, aguou as dores dos vizinhos nos períodos de estiagem, suas águas baixavam, mais não menos de um metro. Sustentou a viuvez de minha mãe e todas as suas vitórias e na velhice suas caganeiras. Sua água cristalina lavou minhas feridas quando, achei que nada tinha conserto. Ali fiel! Não me faltou quando todos sumiram durante os meses de um inventário conturbado...Faltou luz, faltou amigos, parentes, o arroz e o feijão escasso, mas água não. O poço que me viu crescer, que viu meu cinturão usando batas indianas, agora, me chama e diz estou fraquinho vem me socorrer! Não sei se derramo minhas lágrimas em seu tiquinho de água ou se as jogo para o universo como um pedido de socorro. A ação da mão do homem colhendo sua sentença. Só sei dizer que o poço do meus desejos resiste feito uma mãe com seu fiozinho de água, uma pequenina mina na pedra com seus 19 metros a gritar para o alto para o revestimento de manilhas quero sobreviver e vocês não deixam. Sapateio em volta e viro a sola do sapato para a mãe não morrer. Enquanto isso olho desolada o barro que sai das torneiras, me dói ver sofrendo o fundo do poço da minha vida inteira... O poço que viu meus filhos crescerem, o mesmo que banhou os churrascos e as brigas, o gosto e o desgosto. Que me banhou no dia do meu casamento, da minha defesa de mestrado e lavou minhas feridas quando para sobreviver mudei de casa. O poço da casa da minha mãe da eterna casa da mãe! A casa que nunca sairá de mim. A ele a minha gratidão, louvor e carinho e o meu pedido volte por favor volte com suas águas cristalinas. Irei te deixar quietinho a ti meu rio de lágrimas em forma de perdão.


( Joana Prado Medeiros - 20/082024 g Direitos Autorais Lei 9.610/98)

 
 
 

5 Comments

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naf.celular
Aug 22, 2024
Rated 5 out of 5 stars.

👏👏👏👏👏👏❤️❤️

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Aug 21, 2024
Rated 5 out of 5 stars.

Maravilhosa.

Sueli Pires - Maracaju MS

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Aug 21, 2024
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Obrigada, abraços

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Guest
Aug 21, 2024
Rated 5 out of 5 stars.

Ótima reflexão.

Luana Jorge - Ponta Porã MS

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Aug 21, 2024
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Obrigada, abraços

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