Reflexão - Diário de uma Idosa 165, por Joana Prado Medeiros
- Alex Fraga
- 10 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a historiadora professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com Diário de uma Idosa 165.

EM HOMENAGEM A RITA LEE .... QUE ME ENSINOU A AMAR A LIBERDADE...
DIÁRIO DE UMA IDOSA 165
Era dia de Terça Loira!!!! Eba, chegou a Terça Loira, eu saia ventando...Dirigia o auto como se fosse um cavalo galopando pelos pastos. Por mais de um ano nos reunimos eu a Sílvia a Maria e o Jean. Certa feita, em uma madrugada qualquer depois das palavras encharcadas eu inventei " O Grupo Terça Loira" ( etílico) a proposta foi aceita com alegria. Fizemos, um pacto era proibido a presença de qualquer outra pessoa. Conversávamos, sobre tudo, batiamos de frente, de lado e de costas, havia desabafos, choradeiras, risos, cantorias, relatos de memórias e até causos de assombração regados com muita cerveja e cigarros. Podia fazer frio de zero grau, chover canivetes, ventania e calor que lá estávamos. A terça Loira ganhou fama, tretas e desavenças, os respectivos namorados(as) rolos, maridos não aceitavam de pronto "os tais encontros." Era uma confusão. Que mal havia!? As reuniões eram depois do jantar ( só íamos depois de deixar tudo organizado em casa) e o local era seguro pois era na casa da Maria. O horário variava as vezes terminava à meia noite e as vezes a bebedeira e a discussão pegava fogo e íamos para casa de madrugada, daí o pau torava. Ninguém redou pé. Um trilhão de descontentes, opiniões de filhos, comadres e vizinhos. Nesse batidao a Terça Loira se fez e foi mantida fielmente por doze meses, na ocasião do nosso primero aniversário, foi um festejo, foi permitido a presença dos familiares e nós os famosos "quatro boêmios" usando uma camiseta especialmente criada para o evento com dizeres "Amigos para sempre" na costa, e no peito escrito lindo "TERÇA LOIRA." (ainda tenho a camiseta) Daí pra frentemente, continuamos por quase oito meses mas, a coisa se zangou, houve separações, houve reconciliação e eu numa dessas depois de uma Terça Loira cheguei em casa e encontrei o marido virado do avesso, discutimos e nos separamos. Eu num sei só sei que foi assim. Do nada ou do tudo de repente a Terça Loira escafedeu. Hoje, é parte de nossas recentes melhores lembranças. Este seleto quarteto era formado por pessoas maduras, todo mundo já passava dos quarenta, eu beirando os 60 anos e a Maria também, o Jean e a Sílvia quase aos 50. Entonces, são memórias de 4 loucos, cheios de histórias, marcas, remendos e realizações. Saudades da Terça Loira. Saudades do laboratório psicológico que cheios de graças e brigas vivemos, era a CELEBRAÇAO da liberdade!!! No meu imaginário de agora e desde sempre a Terça Loira é uma bela mulher vestida de vermelho usa chapéu preto, colares e echarpe, luvas três quartos, segura uma piteira dourada e cruza as lindas pernas com meias fumê, toca o seu colar de pérolas, sorri um sorriso triste de carmim. Essa é uma verdadeira história e uma história verdadeira...
( Joana Prado Medeiros - Direitos Autorais Lei 9.610, 19/02/98)
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