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Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão pela professora universitária, historiadora, poeta e escritora Joana Prado Medeiros, com seu Diário de uma Idosa 154.
DIÁRIO DE UMA IDOSA 154
Um casal, olha desolado o tempo e o barro que tudo levou, seus mimos, seus documentos, cobertores, em segundos levou a vida inteira...Eu na rede balanço recordações ouvindo músicas francesas. Lá longe e também por perto uma mãe chora a perda de seu filho. Enquanto, enquanto fantasias brilham nas avenidas e nos terreiros pontos pra que a chuva não caia. Enquanto, nos bares, jovens levantam copos. Famílias em silêncio vê o BBB...Casais de namorados assistem séries...Enquanto, alguém espera frente à porta um nascimento ou a morte. Eu ergo a taça de vinho tinto de sussurros carmim, meu coração franzido bate na cadência da dor que não sei explicar, logo penso não entre nessa, não fique deprimida assim é a vida! Não, não tem jeito. Minha gente tem cor de dor, tem a vida não vivida é apenas, suspirada! Respira quem pode, suspira àqueles dos pés das casas penduradas nos morros e encostas. Vejo o mosaico das dores humanas debaixo desse céu brasileiro, desigual, injusto, cruzado de balas "acertadas" naqueles que não tem guarnições a bala da bala e a bala das chuvas, do vento, do tempo..."Enquanto isso eu tento esconder a lágrima sentida pra guardar choro para os meus os de perto de mim..." Até isso economizar choro e engavetar tristezas. O folião na avenida, o mar mistura sonhos vida e medos, destroços. Ali um assalto acontece ao lado uma oração é dita. Enquanto, o quanto não é medido enquanto, estatísticas não atravessa o pão e a mesa...Enquanto, o preparo do despreparo ajeita resoluções, lindo, olhando no espelho da vida...Logo, tudo o que não passa nunca, acaba passando pra de novo acontecer.
( Joana Prado Medeiros - Respeite os Direitos Autorais Lei 9.610, 19/02/98)