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Reflexão - Aquele Natal, por Sylvio D Prospero

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão do escritor e poeta de Curitiba (PR), Sylvio D Prospero com "Aquele Natal".


REFLEXÃO - AQUELE NATAL (Véio D'Prospero)


Aquele não seria um natal igual aos outros, da minha infãncia, no bairro do Caxingui em São Paulo!!! A árvore, feita de um ramo seco, enfeitada com pedaços de algodão, alguns bonequinhos de papel, umas velinhas de aniversário e o presépio formado apenas por Jesus, Maria e José, sobre um banco de madeira, era o local onde eu receberia o meu tanto esperado presente de Natal. Seria uma bola de capotão, feita de couro ? Seria uma bicicleta ? Seria aquele caminhão de madeira? Meu pai me prometeu que o Papai Noel iria vir! Nós moravamos numa vila, no bairro do Caxinguí, periferia de São Paulo, num barracão de madeira no fundo do quintal. Haviam várias casas, grudadas uma na outra, e uma pequena calçada no centro. As janelas eram de madeira com o vidro do lado de fora e vários vasos de flores ficavam dependurados debaixo delas. As portas saiam diretamente para a calçada. Haviam também, umas jardineiras com diversos tipos de flores, que acompanhavam as paredes. Vário lampiões, com pequenas luzes dentro, serviam para iluminar a vila à noite. Como só havia eu de criança na vila e meu cachorro Lulú, sempre que algo se quebrava, ou uma planta era arrancada, os culpados eramos nós, por isto normalmente ficávamos presos dentro de casa. Moravam na vila vários italianos, e alguns funcionários públicos, onde todos se davam muito bem, realizando várias festas, e a do natal já estava programada. Não havia o costume da ceia de natal, mas sim ir á igreja à meia noite do dia 24 de Dezembro para a missa do galo e, no almoço do dia 25 de Dezembro, todos se reuniam numa mesas montada na calçada, onde cada morador colocava o seu prato com sua comida preferida, ou o que, lhes permitissem suas economias. Eu estava ancioso para receber o meu presente, depois da missa que demorou uma eternidade para acabar. Finalmente entrei em casa e fui direto para a árvore, que decepção, só havia um bodoque, e uma sacolinha, com bolinhas feitas de barro. Olhei para o meu pai e meus olhos se encheram de lágrima. - meu presente de natal, o Papai Noel não veio??!! Meu pai me olhou, no fundo dos meus olhos, me abraçou, pegou o bodoque e as bolinhas, me deu a mão e me levou para fora de casa. Estava tudo quieto, com aquelas luzinhas acesas, clareando as casas e a calçada. - O que vamos fazer não está certo, mas foi o que o Papai Noel me mandou fazer, e nunca mais deve ser repetido, mas hoje voce merece, será o nosso segredo... Meu, seu e do Papai Noel. Me falou meu pai, o Véio Domingos, bem baixinho no meu ouvido. Falando isto começou á arrancar algumas flores dos vasos e das jardineiras. Eu entendí e também participei, sem fazer barulho, para não acordar ninguém, fizemos um verdadeiro estrago. Quando pensei que haviamos acabados, meu pai pegou o bodoque e me deu algumas pedrinhas, que atiramos nas janelas e nos lampiões. Ao acenderem as luzes dentro das casas, por causa dos barulhos, corremos para nosso barracão, e fechamos a porta. Abraçado ao meu pai, que me pedia silêncio, ouví os gritos de espanto do lado de fóra, onde ninguém estava entendendo o acontecido. Disfarçando de que haviamos acordado naquela hora, meu pai e eu saimos fingindo espanto também. Quem teria feito aquilo? E desta vez não podiam me culpar!!! Só eu, meu pai e o Papai Noel sabiamos! Eu me sentí realizado abraçado ao meu pai. Já dentro de casa, ele me entregou a bola de capotão, que o Papai Noel havia deixado, por engano, debaixo da cama. Este era o meu Papai... Noel!!!! (Véio D'Prospero)

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