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Reflexão - A galinha Tutuca, por Sylvio D Prospero

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 12 de jun. de 2023
  • 2 min de leitura

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão do poeta e escritor de Curitiba ( Sylvio D Prospero com "A Galinha Tutuca"


REFLEXÃO - A GALINHA TUTUCA

(Véio D'Prospero)


Nasci no Caxingui bairro de São Paulo, e com três anos meus pais se mudaram para São José do Rio Preto, interior de São Paulo, lá ganhei uma galinha e lhe dei o nome de Tutuca.

Eu tinha um velocípede, aqueles de três rodas, e com ele rodava todo o quintal de terra, pelo meio dos pés de mandioca, pelas árvores de frutas, de vez em quando entrava na horta do meu pai o Véio Domingos, "perdi a direção" dizia eu para ele.

A Tutuca aprendeu à andar atrás do velocípede, entre as duas rodas traseiras, e era uma farra só, eu, o velocípede e a Tutuca.

Um dia minha mãe, a dona Linda, se espantou ao encontrar um ovo nos pés da minha cama, junto das cobertas, e ver que ele era azul, um azul escuro com umas pontinhas pretas, e aí ela passou à ser:

Tutuca, a galinha dos ovos azuis!!

Tutuca era minha melhor amiga, passava o dia todo comigo, tomava café da manhã, almoçava, tomava o café da tarde, e jantava, além de se deliciar das frutas do quintal, especialmente a goiaba, que ela adorava.

Eu, na minha inocência, queria que ela cantasse como o galo do vizinho, e apesar das explicações dos meus pais, de que as galinhas não cantam, apenas cacarejam quando botam os ovos, ficava só esperando ela cantar e vivia gritando "canta Tutuca, canta"!!

Os dois anos que passamos morando em São José do Rio Preto foram muitos felizes, para mim e para minha galinha Tutuca.

Meus pais voltaram para o Caxingui, em São Paulo, e onde fomos morar não podíamos ter animais, como se a Turtuca fosse um animal!!

Deixei a Tutuca, com muita tristeza, com a minha tia Maria irmã do meu pai, que prometeu cuidar dela até o final de sua vida, sem machuca-la.

Passado um ano de muita saudade, apesar das cartas da minha tia Maria me contando que a Tutuca estava bem, fomos passear em São José do Rio Preto, e que alegria… reencontrei com a Tutuca!!!

Eu não percebi que ela estava velha, e meia cambaleante pela idade, já não botava mais ovos azuis, mas me reconheceu, se aconchegando nos meus pés, e correndo atrás de mim pelo quintal de terra.

Passados três dias das férias, ao acordar de manhã, encontrei a Tutuca dormindo no pé da minha cama no meio das cobertas, na casa da minha tia Maria.

Chamei-a para irmos tomar café e brincar, mas ela não se mexeu, sacudi ela e gritei para minha mãe:

- Manhêêêê, a Tutuca não quer acordar!!!

Minha mãe correu, e com ela no colo me falou que ela havia partido para brincar e botar ovos azuis no céu, para alimentar Deus.

Nos meus seis anos de idade, aquela explicação me deixou tranquilo, até porque eu também iria partir, pois o passeio estava terminando, e então ela ficaria bem lá no céu com Deus, botando ovos azuis para ele, e eu ficaria feliz com a minha família no Caxingui em São Paulo, sempre me lembrando dela.

Às vezes escuto o cacarejar da Tutuca, e fico feliz, pois ela botou mais um ovo azul lá no céu, para Deus!!

(Véio D'Prospero)

 
 
 

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