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Poesia - Violetas Ácidas, por Isaac Ramos

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 8 de jul. de 2024
  • 1 min de leitura

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professor universitário, poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com "Violetas Ácidas".


VIOLETAS ÁCIDAS

(Isaac Ramos)


Não tem fim este eterno feito

Que provoca sucessivos orgasmos

Satisfaço-me com delírios frásicos

Todavia, o hábito de tocar a poesia

Fez de mim um poeta a procura do verso perfeito.


Até quando manterei

O pulso dos meus versos

Ou será que terei que cortar o pulso

Do meu verbo?

Sei que o curso das palavras

Rodeiam muitas enseadas.


Não sei ser uma ilha deserta

Pois tenho surtos e desejos de poeta.


Tragar o lume do êxtase é tarefa infinita

Viver proibidas madrugadas é de livre arbítrio

Entrincheirar-se em medos

Não faz parte dos meus fetiches

E no esgarço das nuvens desassossegadas

Prefiro ser um poeta maldito e devasso.


Languidamente crio rimas alcoviteiras

Embrenho-me cada vez mais

No húmus e no hímen

Dos teus descuidos.


Às vezes me pergunto:

Por que forjar vítimas em verso?...

Melhor seria colher lira diversa.

Por que atá-la com sinestesias picantes?...

Melhor seria deixá-la sem rimas relapsas.


Oh, musa lívida e enlevada!

Estenda tua língua empalavrada

Que empareda e consome meu verso eriçado

Que me tira do sono com desejos mundanos

E solta um traço que na folha se liquefaz.


Sustente o impossível verso

Suplante o insubstituível canto

Soerga a palavra mais certa

E derrama na boca

De quem te oferece violetas ácidas

O viscoso líquido de um poema insano.

 
 
 

2 Comments

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Guest
Jul 08, 2024
Rated 5 out of 5 stars.

Linda poesia

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isaacramos3
isaacramos3
Jul 11, 2024
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Obrigado!

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