Sexta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a escritora e poeta sul-mato-grossense Sylvia Cesco, com seu Tributo ao Índio Tanaru.
Tributo ao Índio Tanaru
Sylvia Cesco
Na solidão da floresta
um índio dormiu seu último sono
e sua rede já não balança mais.
Quem era ele? Quem foram os seus pais?
Ninguém sabe nem saberá jamais.
Seu povo, sua gente há tempos não existem
caçados que foram feito animais
por mãos de outros bichos esquisitos.
O mundo conheceu dias atrás
a sua existência isolada e solitária
num buraco que lhe serviu de tekoá
para esconder seu medo e o seu destino
de intolerâncias e discriminações
pelos falsos cristãos de bênçãos revestidos.
Pobre índio Tanaru, último descendente
de uma tribo já sem qualquer representante
cuja etnia e língua morreram junto a ele.
Teria sido Uari? Uairó? Urupá? Teria sido Oroín?
Aricapu , Urumi, Tupari ou Urucu?
Que importa agora? É mais um brasileiro
que viveu enterrado no buraco até o fim,
e apenas seu nome era diferente: Tanaru.
Um texto que simboliza a tristeza de muitas mortes em uma pessoa só. Falam agora apenas a ausência e os poetas. Parabéns Silvia.