Neste domingo o Blog do Alex Fraga publica a poesia de Rogério Fernandes Lemes, um amambaiense; reside em Dourados há quase vinte anos. Autor de sete livros publicados, dentre eles, os livros infantis da série “As aventuras de Nicolas”. Formado em Ciências Sociais (UFGD), com pós-graduação em jornalismo digital (UnyLeya). Membro da Academia Douradense de Letras. Idealizador e fundador da Academia Amambaiense de Letras.
Sortilégio
Rogério Fernandes Lemes
Aproximar-se da origem é vestir-se de pureza;
é entornar-se para o nada e ver-se verbo, ação.
O portal da origem é diminuto ante à imensidão que o precede.
O oposto de originar-se é compreender-se síntese,
resultado de algo maior e excelso.
É na origem o revés de toda palavra.
Quando falo, existo para um montão de coisas,
tão ensoberbadas que transgridem a lógica primeira.
Sou 'tão coisa', toda vez que me vejo alguma coisa.
Em disparada rumo ao nada, que me espera,
Invento ser qualquer coisa, ignoto, soberbo,
despido de compreensão de que, vestir-se de pureza,
é aproximar-me da origem de quem sou: coisa nenhuma,
além do belo e do eterno em eterna conexão com tudo, com todos,
com as coisas em disparada rumo ao nada;
resultado de algo maior, excelso.
Esse sou eu na origem de tudo: coisa alguma
além do silêncio cheio de nada e um magistral vazio.
Eis o encanto da dádiva humana.
A magia de passageiras certezas cheias de nada.
Vozes fascinadas pela ilusão do agora.
Não passam de memórias adiadas sem aproximação,
sem entendimento de que somos instantes,
eternos para nós mesmos.
A magia, o encanto, o sortilégio da compreensão
de que somos parte de tudo e de todos;
de que estrelas correm em nossas veias,
nos aproxima da origem, da dimensão que a precede...
Do sortilégio em perceber-se completamente imersos
no silêncio e cheios de nada.
Navegantes de um colossal e magistral vazio.
Rogério Fernandes Lemes
Quantas verdades estão nas entrelinhas desta poesia do poeta Rogério Fernandes Lemes! Parabéns caro confrade pela bela poesia "Sortilégio " !!!