Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia como poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com Setembro de Ipês.
SETEMBRO DE IPÊS
(Isaac Ramos)
E se o amor fosse como o Ypê?...
Se ele fosse queimado em pleno auge,
Se suas forças se esvaíssem,
Se seu sangue verde
Em brasa ficasse,
Se a sua raiz capengasse,
Ainda assim bombearia
Ao menos a seiva da paixão?
Há mais mistério na natureza do amor
Do que supõe uma fibra estoica
Do que se espera de uma vã filosofia.
No amor, se poda os brotos,
Ele não mais será o mesmo.
O que fazer da natureza do homem
Se não consegue passar em uma prova de fogo?
O homem é lâmina fria de julho.
Melhor seria se fosse setembro.
Mas, no meio desse esboço,
Há as queimadas de agosto.
Ele, então, fica insosso.
Inverna sem pensar na primavera.
Em face disso, é de dar gosto,
O florir dos ipês brancos,
Amarelos, rosas e roxos.
O homem, infeliz e coitado,
Machuca-se de amor
E não consegue curar suas feridas.
Caso fosse ipê, não lhe faltaria
Chuva, inspiração e energia.
Em vez de sangue, seu coração
(Quem sabe) bombearia
Seivas de luz e poesia.
E entre tantas flores
Suas dores sumiriam.
E como o ypê amarelo
De amor resplandeceria.
Não seria medroso, Não seria teimoso, Muito menos babaria de inveja. Cairia em si e rejuvenesceria. Pois, a cada queimada do seu ser, Ressurgiria em fênix, E amores e setembros Não mais lhe faltariam
Comentarios