Poesia - Serpenteava o Trem, por Paulo Portuga

Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professora, músico, poeta e escritor de Dourados (MS), Paulo Portuga, com Serpenteava o Trem.

SERPENTEAVA O TREM

De Aquidauana à Corumbá

Serpenteava o trem

Sobre os trilhos

Sobre as águas.

Atravessei uma comitiva

Da janela

Acompanhei com os olhos

Até o último dos bois.

Lá no barco

Ou na estação

Saudades vou deixando

Aperta coração...

A chalana deslizava

Vi ariranha

Na barranca capivara

Na beira do rio

Peixes pulando aos montes.

Hoje não tem mais trem

Estação morada de indigentes

Os trilhos enferrujaram

E não levam mais

Nem coisas e nem gente

Para lugar nenhum

E a chalana

Na mesma velocidade

De seu percurso

Vai se extinguindo.

Paulo Portuga