Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o escritor, professor e poeta Isaac Ramos (Campo Grande MS), com seu Roteiro do Amanhecer.
ROTEIRO DO AMANHECER
( Isaac Ramos)
O poeta, No limbo da palavra, Alinha, desalinha. Veste linho no poema. Mas depois amarrota Seu desejo de gala. O poeta, quando comunga A dor de outrem, Passa, repassa a saliva do ritmo. Mas, depois, diz a lenda: Incendeia a lenha Do verso. Feito pólen, metaforiza Ardor por algo ou alguém.
O poeta, à imagem, nunca dá prosa. O poeta, às margens, sempre reprova. Poema posto é território intocado. É fronteira de banzeiros, É luzeiro pantaneiro, São versos em devaneio.
À margem da solidão, O poeta amplifica a poesia. Deixa de ser dever, Passa a ser devir. Para entender o voo da metáfora, É preciso tecer a linha do verbo. Para incorporar o silêncio, É preciso vencer a agonia do verso. Para ver, ouvir ou a ser, É preciso o roteiro Do amanhecer dos pássaros. Se não o poeta perde a pena do viver.
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