
Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Ilsyane Kmitta, com Retinas Fatigadas
Retinas fatigadas
O poeta me alertou
Que havia uma pedra no meio do caminho
Não é uma pedra qualquer, exclamou
Ela tem cor... a cor da negritude
Das favelas, das periferias
Das aldeias
Tem uma pedra no caminho, me disse ele
Ela está marcada, como o corpo da mulher
Traz as marcas da dor, de sangue, de morte
Da inocência violada
De fome, miséria
De abandono e dissabor
É uma pedra que em silencio se revira, grita
Pedindo por justiça social, menos desigualdade
Liberdade sem opressão
Clamando por mais educação
É pedra... de crack, de desamparo, desespero
Pedra que rolando morro encosta abaixo
Destrói casas, ceifando vidas
Escancarou o choro, a desesperança
É pedra que reluzindo nas bateias
Nas dragas e garimpos
Destruiu florestas, contaminou rios
Trouxe a retaliação, tragou a democracia
Uma pedra que rasgou um país
Que encheu malas e antessalas
A pedra tem nome, tem cor, tem a marca
Do neoliberalismo e da corrupção.
Chorou o poeta e com suas retinas fadigadas
Repetiu: ” no meio do caminho tinha uma pedra...’’
Belo poema