Terça-feira no espaço de poesia do Blog do Alex Fraga, de Corumbá (MS), Benedito CG Lima, poeta, escritor, compositor, ativista cultural e do movimento negro, professor, criador de entidades e movimentos culturais.
Radiografia corumbaense
É tudo tão singular.
Apesar da pluralidade.
As mesmas pessoas.
Nas mesmas ruas.
Os mesmos carros.
As casas têm as mesmas cores.
Desbotadas do vazio visual.
O conjunto tétrico nomeia o tédio.
Que avassala!
É tudo pacato
Até mesmo chato
Formal
Oval
E insípido
Nem o poeta ébrio solfeja estórias
Pelos corredores do tempo.
É o mesmo padeiro
Com sua buzina
O mesmo leiteiro
Verdureiro
Jornaleiro
Carteiro
Açougueiro
Nada fora do comum...
Até os gritos do espantalho
Estilhaçam os cristais da arrogância
Entorpecida nas gargantas burguesas
Enquanto o apito do trem continua o mesmo.
A cidade continua a mesma
Apesar de bicentenária.
O Rio Paraguai não mudou de curso
E a Bolívia está ai.
Tudo igual
Até a poesia de Pedro de Medeiros, Manoel
de Barros e Rubens de Castro
asfalto blocket paralelepípedo
palmeiras flamboyant
Tudo num perfeito tabuleiro de xadrez.
O jeito é sentar na praça...
E ouvir a banda passar!
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