Sexta-feira, dia de poesia no Blog do Alex Fraga, com a poeta e escritora Sylvia Cesco, com seu poema intitulado "Quem Sabe..."
Quem sabe...
Sylvia Cesco
A dor do meu amor
não dói na minha pele
nem nos nervos
que percorrem o corpo meu.
A dor do meu amor
sangra nas veias
poluídas dos riachos
da minha terra.
O pranto da minha dor
não chora nos meus olhos,
mas escorre pelas frestas das janelas
fechadas ao abandono das crianças sem sapatos.
A tristeza que carrego
não nasceu dentro de mim:
nasceu nas ruas,
veio das vozes sem soluços dos famintos
que rodopiam feito trapezistas
ao redor de uma plateia que boceja.
O vermelho me fere.
o amarelo está mudo, o verde surdo,
e o azul tem sido indiferente.
Tentemos, pois, o lilás, ou, das águas,
a cor inexistente.
Quem sabe assim as sempre- vivas eternizarão
o mágico momento do encontro
entre meu sonho e uma realidade mais humana.
Quem sabe...
E bela tecitura de amor ao semelhante! Parabens Sylvia!